Título: Ritmo de reposição dos estoques nas lojas indica janeiro fraco para fábricas
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Se depender do comércio, o ritmo de atividade da indústria deverá continuar lento neste início de ano, porque as vendas do Natal deixaram a desejar e a sobra de estoques ficou acima do previsto. A CNS, por exemplo, revenda de calçados masculinos com 39 lojas espalhadas pelo País, decidiu comprar das indústrias calçadistas de Franca um volume 10% menor neste início de ano. ¿Viramos o ano com um volume de estoques 10% acima do planejado¿, afirma o sócio-diretor, Richard Flores. Ele conta que 2005 foi bem até outubro, mas as vendas caíram no último bimestre.

¿Este não está sendo um bom começo de ano¿, observa. Tanto é que muitas fábricas de Franca, pólo calçadista do interior do Estado de São Paulo, ainda estão em férias coletivas. Flores diz que o recesso começou no dia 22 de dezembro e deve se estender até o dia 15 deste mês. O desaquecimento do mercado doméstico na virada do ano só piorou a situação das indústrias da região, afetadas na produção voltada para o mercado externo por causa do real valorizado.

O sócio-diretor da rede de lojas observa que a sua empresa não é um caso isolado. ¿O pessoal da Couromoda ¿ feira de calçados que começa na próxima semana em São Paulo ¿ não está animado. Todo mundo vai diminuir os pedidos para o comércio neste início de ano.¿

PRODUTOS SAZONAIS

Exceto no caso dos produtos sazonais que dependem do clima, como ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado, a reposição dos estoques por parte do comércio está fraca este mês. ¿Quem entrou o ano pensando que janeiro teria nota 9, numa escala de zero a dez, já reduziu a sua expectativa para 6,5¿, diz um industrial que prefere não ser identificado.

O comércio briga para conseguir fechar o mês dentro das metas traçadas. Esse movimento se reflete nas liquidações sucessivas das mesmas redes de lojas desde o início do ano.