Título: Petrobrás vai investir US$ 18 bi na Bacia de Santos em dez anos
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

Plano visa à redução da dependência do gás importado e à manutenção da auto-suficiência do País em petróleo

A Petrobrás anunciou ontem investimentos de US$ 18 bilhões para exploração e desenvolvimento da Bacia de Santos nos próximos 10 anos . O plano estratégico da estatal contribuirá para reduzir a dependência do gás importado e para a manutenção da auto-suficiência do País no abastecimento de petróleo, que deve ser alcançada em março. Do total a ser investido, US$ 12 bilhões sairão dos cofres da estatal e o restante virá de parceiros privados, disse o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli de Azevedo, na apresentação do Plano Diretor para Desenvolvimento da Produção de Gás Natural e Petróleo da Bacia de Santos. Ele aproveitou para informar que a nova unidade de negócios de exploração e produção da Petrobrás será instalada na cidade de Santos.

O anúncio, na Baixada Santista, foi acompanhado pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), pela ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), pelo presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, por vários secretários do governo do Estado, além do prefeito de Santos, João Paulo Papa (PMDB).

A escolha da cidade para a unidade de negócios da Petrobrás foi festejada pelos representantes do Estado, já que Niterói também estava na disputa. Para o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Estado do Rio de Janeiro, Wagner Victer, a escolha foi uma ¿demonstração pública da falta de comprometimento do governo federal com o Rio¿.

Gabrielli disse que a escolha de Santos deveu-se especialmente a questões logísticas, pois 52% da área sob concessão da Petrobrás está no Estado de São Paulo. A Bacia de Santos começa no sul do Estado do Rio, passa pela costa de São Paulo e Paraná e termina em Santa Catarina. Foi considerado ainda o grau de infra-estrutura da cidade, acrescentou. E, nesse caso, pesou o fato de Santos ter o maior porto da América Latina.

A unidade de negócios não representará um número grande de empregos diretos, mas deverá atrair muitos estabelecimentos para a região, como empresas de apoio técnico, serviços e hotelaria, ponderou o diretor de Exploração e Produção da estatal, Guilherme Estrella, que fez a apresentação do Plano Diretor da Bacia de Santos.

Segundo ele, os investimentos previstos representarão um acréscimo de 12 milhões de m³ por dia no fornecimento de gás ao mercado da Região Sudeste já a partir do segundo semestre de 2008. Até o final de 2010, esse volume saltará para 30 milhões de m³/dia ¿ volume equivalente à capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia.

Em 2011, a expectativa é que sejam produzidos também cerca de 100 mil barris de óleo por dia.

Com a Bacia de Santos, a previsão é de que, em 2010, cerca de 60% ou 70% do consumo brasileiro seja produzido pela Petrobrás no mercado doméstico, afirmou o diretor de Gás e Energia da estatal, Ildo Sauer. Segundo ele, o plano da empresa prevê um crescimento de 10% ao ano no consumo de gás, atingindo 100 milhões de m³/dia em 2010.

Isso significa que o País ainda dependerá do gás da Bolívia. Hoje, o contrato com o país vizinho prevê a entrega de 30 milhões de m³/dia. O consumo brasileiro está em cerca de 50 milhões de m³/dia, sendo 50% do mercado interno e 50% importado.