Título: PFL exige encabeçar chapas nos Estados
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2006, Nacional, p. A5

É o preço para apoiar candidato tucano à Presidência

O PFL deve cobrar caro para fechar uma eventual aliança com o PSDB na esfera federal. Em troca de um provável apoio ao candidato tucano à Presidência, os pefelistas vão exigir encabeçar chapas nos Estados. Para isso, lutam pelo fim da verticalização, regra que obriga os partidos a repetirem nas eleições estaduais a aliança nacional. ¿Se houver aliança nacional, temos de fazer uma reengenharia estadual...¿, disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). ¿Sou a favor da desverticalização, acho que a verticalização não é boa para ninguém¿, explicou, reforçando a estratégia de que seu partido pretende ter candidatos a governador, e não a vice, nas disputas estaduais.

De cara, porém, os pefelistas já se beneficiam. Com o anúncio da saída de Geraldo Alckmin do governo de São Paulo ¿ mesmo que não seja escolhido candidato do PSDB à sucessão de Lula ¿ o presidente estadual do PFL e vice-governador, Claudio Lembo, assume o comando do Estado. E no caso de o prefeito José Serra renunciar ao mandato para a disputa presidencial, o comando da capital paulista ficará também com o PFL, já que o vice é Gilberto Kassab.

De passagem por São Paulo, ontem, Bornhausen se reuniu com Lembo e Kassab. Depois, esteve com Alckmin, acompanhado dois dois. No encontro, o governador tentou mais uma cartada na tentativa de fortalecer seu nome como candidato natural do PSDB.

Alckmin disse que gostaria de repetir na disputa deste ano a aliança entre PSDB e PFL, responsável pelas duas eleições do também tucano Fernando Henrique Cardoso, segundo o presidente do PFL. ¿O governador repetiu o que tem dito, da boa experiência entre o PSDB e o PFL e da importância dessa aliança continuar¿, contou.

Apesar da perspectiva de os dois partidos caminharem juntos em 2006, o pefelista acha que o fato de os tucanos não terem um candidato forte para a sucessão estadual em São Paulo vai influenciar a decisão de seu partido no Estado, com o provável lançamento de candidatura própria. Neste caso, o nome mais cotado é o do presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, com quem Bornhausen almoçou depois de deixar o Palácio dos Bandeirantes.

DEFINIÇÃO

Antes da conversa com Alckmin, o presidente pefelista reafirmou que seu partido só vai definir a estratégia que adotará no processo eleitoral deste ano depois de março. Por enquanto, afirmou Bornhausen, a legenda está disposta a esperar uma definição de seu pré-candidato à Presidência da República, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia.

¿Temos um compromisso desde dezembro de 2004, quando o prefeito César Maia colocou sua candidatura a presidente. Não há nenhuma razão para mudar o rumo¿, afirmou Bornhausen ontem. ¿Se o prefeito César Maia ratificar sua candidatura, o assunto está resolvido e uma aliança, é claro que com o PSDB, ficaria para um segundo turno das eleições. Se Maia abrir mão da disputa, aí discutiremos a coligação com o PSDB¿, emendou.

Sobre a disputa entre Alckmin e Serra pela candidatura do PSDB, Bornhausen afirmou que os dois nomes são bons e qualificados. Ele negou que o PFL prefira Serra a Alckmin . ¿O César Maia simplesmente deu sua opinião. Ele costuma dizer o que pensa¿, comentou o presidente do PFL, numa referência às declarações do prefeito do Rio, que prometeu abrir mão de sua pré-candidatura em favor de Serra