Título: Defesa de Herrmann chega à corregedoria
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2006, Nacional, p. A9

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), enviou ontem à corregedoria da Casa cópia da defesa antecipada do deputado João Herrmann (PDT-SP), acusado pela CPI dos Correios de receber mesada em torno de R$ 3 mil da empresa de transporte aéreo Beta. Nervoso com as suspeitas e empenhado em evitar uma denúncia ao Conselho de Ética, Herrmann tomou a iniciativa de procurar Aldo ontem, com documentos que explicam a razão dos depósitos da Beta a seu favor. A CPI suspeita de que a empresa, em parceria com a Skymaster, fraudava licitações dos Correios.

Herrmann chegou no início da tarde à casa de Aldo Rebelo, onde os líderes partidários já aguardavam o começo da reunião para discutir a pauta da convocação extraordinária. Muito abalado e trêmulo a ponto de ter dificuldades para virar as páginas de sua defesa escrita, o deputado apresentou ali mesmo seus argumentos. Mostrou notas fiscais com datas e valores idênticos aos dos depósitos suspeitos. Seriam de despesas com aluguel e motorista de carro blindado usado para levar à escola seus filhos e os do amigo Ioannis Amerssonis, presidente da Beta.Segundo um dos líderes presentes, Herrmann também exibiu extratos bancários com o registro dos saldos em sua conta corrente, sempre na faixa dos R$ 600 mil a R$ 1 milhão. E fez questão de não deixar dúvidas de sua fortuna, ao revelar que seu patrimônio pessoal é de cerca de R$ 20 milhões. Em ¿nota política e pessoal¿ divulgada na sexta-feira, ele já havia declarado que sua amizade com <

Ioannis ¿não se abriga sob governos¿ e falado da ¿grande convivência¿ entre as duas famílias.

¿Ele deixou cópia de tudo e me pediu que enviasse logo à corregedoria¿, contou Aldo, após o encontro. ¿O corregedor Ciro Nogueira (PP-PI) é quem tem condições de analisar com mais tempo todos os dados.¿ Mas como o corregedor só chegaria à noite em Brasília, Aldo limitou-se a enviar-lhe os documentos apresentados pelo parlamentar.

Herrmann divulgou uma segunda nota oficial revelando que também conversara com o sub-relator da CPI, deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP), para pedir que fosse ouvido ¿de imediato¿ pela comissão.