Título: Primeira viagem ao exterior será à Argentina
Autor: Roberto Lameirinhas
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2006, Internacional, p. A14

BUENOS AIRES - A presidente eleita do Chile, Michelle Bachelet, deve ir à Argentina em sua primeira viagem oficial ao exterior. O anúncio foi feito pela própria Bachelet ao ministro do Trabalho da Argentina, Carlos Tomada, que acompanhou pessoalmente a reta final das eleições chilenas. O presidente argentino, Néstor Kirchner, declarou enfático apoio a Bachelet durante a campanha, enviando a Santiago a própria mulher, a senadora Cristina Fernández de Kirchner, para respaldar a candidata socialista. Entre as ¿celebridades¿ argentinas estiveram em Santiago o presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, Carlos Chacho Álvarez (que foi vice-presidente entre 1999 e 2000), e o ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-89).

WC1>Bachelet disse a Tomada que tentará viajar à Argentina antes da posse para reunir-se com Kirchner. Caso seja impossível por questões de agenda, a Argentina será o destino de sua primeira viagem oficial ao exterior. Integrantes do governo Kirchner e analistas políticos consideram que as relações entre os dois países serão mais fáceis com ela no poder.

¿A campanha pelo segundo turno nos deixou pouco tempo para preparar o gabinete¿, disse a presidente eleita. Integrantes do governo argentino e analistas políticos consideram que as relações entre os dois países serão mais fáceis com a ex-ministra socialista no poder.

O subsecretário de Integração Econômica da chancelaria argentina, Eduardo Sigal, disse que a Argentina tem ¿uma relação intensa¿ com o Chile. Segundo ele, Bachelet disse que investirá na melhora das relações com a Argentina e os demais países da região. Os analistas dizem que se o rival de Bachelet, o neoliberal Sebastián Piñera, tivesse ganho, poderiam ter surgido atritos com o governo do temperamental Kirchner.

Os dois países passam há dois anos por intermitentes períodos de tensão por causa de problemas no fornecimento de gás argentino ao mercado chileno. Desde 2004, o surgimento de crises energéticas na Argentina levaram o governo Kirchner a reduzir o volume das exportações de gás para o Chile, provocando tensão bilateral. O governo chileno considera que a Argentina não cumpriu os contratos.