Título: Acordo não ajuda e álcool sobe 4,5%
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Na semana em que governo e usineiros selaram um acordo para conter o preço do álcool, o produto ficou 4,5% mais caro nos postos. Segundo pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro do álcool hidratado fechou a semana passada em R$ 1,724, em média, no País, ante R$ 1,650 na semana anterior. A escalada dos preços vai minando a competitividade do combustível que, segundo levantamento do Cepea/USP, hoje só é mais atrativo que a gasolina em oito Estados. Na semana passada, os produtores de álcool se comprometeram a fixar o teto de R$ 1,05 por litro para o álcool anidro e de R$ 0,95 para o hidratado. Mas, segundo dados do Cepea, o preço do hidratado no atacado continua acima do negociado, em R$ 1,02 por litro, em média, ainda que tenha caído 1% ante a semana anterior. No caso do anidro, o preço médio caiu 3,7% na semana, para R$ 1,04 por litro, abaixo do teto.

Para especialistas, a queda de preço do álcool anidro pode ter efeito, mesmo pequeno, no da gasolina. Por ser uma mistura de 75% de gasolina pura e 25% de anidro, a gasolina vem acompanhando a alta do derivado da cana. Segundo a pesquisa de preços da ANP, o derivado de petróleo superou os R$ 2,50, em média, no País, na última semana, com alta de 0,96% ante a semana anterior.

Desde outubro de 2005, quando o reajuste de setembro já havia sido integralmente repassado, o combustível aumentou 2,1% só com o impacto do preço do álcool. Mesmo com a alta, a gasolina ganha competitividade em relação ao álcool hidratado, que já subiu 41,8% desde a mínima do ano, de R$ 1,215 por litro, em junho.

Segundo o Cepea, em apenas oito Estados o álcool custa menos de 70% do preço da gasolina: Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Tocantins. Três deles (Bahia, Mato Grosso e Rio Grande do Norte), porém, estão próximos do limite, com índice de equivalência entre os dois combustíveis de 68% a 69%.

São Paulo tem a melhor relação, com o álcool hidratado equivalendo a 63,1% do preço da gasolina. O Rio Grande do Sul tem o pior índice, de 83,92%, o que significa que perde dinheiro quem opta pelo álcool. Como o álcool rende menos, o preço deve variar de 60% a 70% do preço da gasolina para valer a pena.

Para especialistas, essa relação deve regular o mercado de álcool, já que, com carros flex, o consumidor pode optar pela gasolina em tempos de álcool caro, forçando a queda de preço.