Título: Mercado prevê juro a 17,25%
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

BRASÍLIA - As apostas do mercado concentraram-se em um corte de 0,75 ponto porcentual na reunião de hoje e amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa básica de juros, com isso, passaria dos atuais 18% para 17,25%, menor porcentual desde novembro do ano passado. É o que mostra a pesquisa de mercado Focus, feita semanalmente pelo Banco Central (BC). Até a semana passada, a maioria apostava num corte de 0,5 ponto. Já as previsões para o fim do ano continuaram estáveis em 15%, com taxa real de juros em torno dos 9%.

A mudança ocorrida após 11 semanas não chegou a surpreender analistas. ¿A pesquisa passou a refletir o que muitos economistas já estavam dizendo¿, disse o economista da Arx Capital, Alexandre Sant¿anna. A única surpresa, na opinião do economista, foi a pesquisa captar esta percepção antes da reunião do Copom.

O processo de adaptação da pesquisa aos dados da atualidade costuma ser mais demorado por causa da metodologia usada pelo BC. A aposta em 0,75 ponto porcentual de corte dos juros, segundo Sant¿anna, está baseada nos indicadores de que a atividade econômica não está tão aquecida como se esperava.

O fato de a produção industrial ter crescido apenas 0,6% em novembro é outra informação que ajudou a favorecer as expectativas de aumento do ritmo de cortes dos juros pelo Copom.

A dúvida ainda é relacionada ao comportamento da inflação em janeiro e fevereiro. ¿Ainda não é possível saber se os aumentos de preços foram pontuais ou se terão algum impacto maior na inflação de mais longo prazo¿, disse Sant¿anna. A piora já provocou elevação das estimativas de inflação para este ano de 4,5% para 4,58%.

As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, apesar do resultado da produção industrial de novembro ter vindo abaixo do esperado, continuaram em 2,4%.

O porcentual é mais otimista do que as estimativas de alguns analistas, que já prevêem crescimento de apenas 2%. Para este ano, as projeções para o PIB não mudaram e prosseguiram em 3,5%, inferiores aos 4% esperados pelo BC.