Título: Chefe do Exército resiste a aceitar tese de suicídio
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2006, Internacional, p. A12

Após sepultamento do general Bacellar, Albuquerque disse que vai esperar os resultados de novos exames

RIO - O comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, resistiu ontem a aceitar oficialmente que o general-de-divisão Urano Bacellar, que comandava a missão de paz no Haiti e foi encontrado morto no sábado com um tiro na boca, tenha se matado. Albuquerque reconheceu que os militares brasileiros enfrentam dificuldades em sua ação em território haitiano, mas ressaltou que nenhuma missão de paz é fácil e afirmou que o general Bacellar nunca apresentou nenhum sintoma sugerindo que tivesse problemas que o levassem ao suicídio.

Segundo ele, o militar estava em plenas condições para desempenhar suas funções e estava fazendo-o bem, conseguindo bons resultados.

¿Era o melhor, por isso o mandei¿, afirmou Albuquerque, enfaticamente, após o sepultamento, no Memorial do Carmo, na zona norte do Rio. ¿É o que digo: por mais que a medicina avance, ninguém pode dizer que conhece a mente humana. Então, vamos aguardar. E quero dizer a respeito do general Bacellar: eu o indiquei e a indicação foi aceita pelo vice, pelo ministro da Defesa, pelo presidente da República. Bacellar foi analisado pela ONU e ela reconheceu que ele tinha todas as condições. Um excepcional profissional.¿

Albuquerque disse que, se tivesse detectado algum problema de depressão por parte de Bacellar, ¿teria tomado providências¿. Ele declarou que espera ainda os resultados de alguns exames, para que haja um laudo definitivo que permita determinar o que realmente aconteceu com o general morto.

O comandante afirmou que irá ao Haiti ver a tropa, mas negou estar preocupado com o moral dos militares brasileiros que estão no país. Ele também confirmou que vai a Nova York discutir com a ONU detalhes operacionais da missão e solicitar, entre outras coisas, mais dinheiro. ¿Os recursos têm que chegar, alguma coisa já chegou, mas outros têm que chegar¿, destacou.