Título: General Jansen é 2ª opção para comando
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2006, Internacional, p. A12

Nova indicação brasileira ocorre em meio à pressão da Jordânia pelo posto

BRASÍLIA - O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, anunciou ontem o nome do general-de-divisão Jeannot Jansen da Silva Filho, atual vice-chefe do Departamento de Logística do Comando do Exército, para ser encaminhado à ONU, ao lado do general José Elito, para o comando da Força de Paz no Haiti. A apresentação de um segundo nome foi uma exigência da ONU. Além das pressões internas e questionamentos em relação à necessidade de o Brasil permanecer no Haiti, há pressões externas pela vaga brasileira. Desde julho, quando passou a ter o maior contingente de militares no Haiti, a Jordânia pressiona a ONU pelo posto, já que este foi o principal argumento usado pelo Brasil para pleitear o comando geral tropas quando foi criada a missão de paz. Para o Brasil não há o que questionar: o País deve completar o mandato que era do general Urano Bacellar e se manterá no posto pelo menos até o final de agosto.

Não há regras definidas em relação à escolha de comandantes de força de paz. Há uma tradição, de que o país que tem o maior contingente fica com o posto. No meio do ano passado, quando o Haiti pediu aumento de tropas por causa das eleições, a Jordânia, além de dobrar de 750 para 1.500 o total de militares, mandou para lá duas companhias de polícia de 125 homens cada, que não são subordinados ao comando militar. Possuem ainda cerca de 20 oficiais de Estado-Maior e agentes de polícia internacional. Portanto, de longe, têm o maior contingente. No ano passado, quando pressionaram, ganharam o comando da cidade de Porto Príncipe, que não existia e foi criado na época.

Mesmo depois disso, o Brasil continuou à frente da força de paz e Bacellar foi nomeado. Agora, especula-se que tenha ressurgido esta pressão que as Forças Armadas alegam desconhecer. Segundo fontes em Brasília, os soldados jordanianos enfrentam problemas na capital haitiana. Eles seriam mal quistos pela população e considerados brutos. Haveria ainda queixas de seu despreparo para este tipo de missão.

O general Jeannot disse ontem ao Estado que ¿está muito bem preparado¿ para a missão e ¿é voluntário¿. Indagado sobre se tinha algum receio da situação crítica do país, respondeu que naturalmente ¿o risco é alto", mas não tem nenhum temor.

Em Porto Príncipe, a assessoria do chefe da Missão da ONU para a Estabilização do Haiti (Minustah), embaixador Juan Gabriel Valdés, prometeu divulgar hoje nota oficial sobre a morte do general Bacellar. Dois peritos da ONU acompanharam os exames de autópsia em Brasília. Na terça-feira, fontes diplomáticas brasileiras no Haiti haviam adiantado que peritos do Brasil enviados ao país para acompanhar o caso ficaram satisfeitos com o relatório dos colegas da ONU, cuja conclusão era de que o general se matou.