Título: Aumenta popularidade do Partido Kadima
Autor: Lourival Sant'Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2006, Internacional, p. A14

Segundo pesquisa, agremiação de Sharon teria 44 cadeiras nas eleições parlamentares de março

JERUSALÉM - Enquanto o estado de saúde do primeiro-ministro Ariel Sharon registra melhora contínua, o mesmo acontece com as chances de seu novo partido, Kadima, nas eleições parlamentares de 28 de março. Pesquisa divulgada ontem pelo jornal israelense Haaretz indica que, se as eleições fossem hoje, o Kadima obteria 44 das 120 cadeiras da Knesset (Parlamento) ¿ 4 a mais que na primeira pesquisa realizada depois do derrame cerebral de Sharon, no dia 4. Com isso, o Kadima teria uma vitória folgada sobre seus principais concorrentes: o Partido Trabalhista viria em segundo lugar, com 16 cadeiras, e o Likud, do qual Sharon saiu em novembro para fundar seu partido, em terceiro, com 13. Analistas apontam os trabalhistas como possíveis parceiros do Kadima numa coalizão para formar a maioria. A popularidade do Kadima está calçada na ampla aprovação, manifesta na época por cerca de 70% dos israelenses, da retirada da Faixa de Gaza, em setembro. Na pesquisa divulgada ontem, o primeiro-ministro interino Ehud Olmert, sucessor de Sharon na liderança do Kadima, aparece com 40,5% da preferência dos entrevistados para lidar com problemas de segurança e diplomáticos, seguido do ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do Likud, com 29,5%, e do líder trabalhista Amir Peretz, com 13,5%.

Ontem, Netanyahu ordenou a saída do governo dos quatro ministros do Likud, que agora é oposição. Mas, segundo o Haaretz, eles rejeitaram a ordem e decidiram ficar até as eleições.

Embora Sharon ainda não tenha saído do coma em que está mergulhado há uma semana, e os médicos não arrisquem prever que tipo de habilidades ele terá, fontes do Kadima disseram que o partido pretenderia apresentá-lo como seu candidato a primeiro-ministro. Olmert encabeçaria a lista do partido de candidatos a deputado. O ex-primeiro-ministro Shimon Peres, que deixou o Partido Trabalhista para se juntar ao seu antes arqui-rival Sharon, seria o número 2 da lista. O parlamentarismo israelense prevê a figura do candidato a primeiro-ministro. Mas, pela lei, todo candidato tem de assinar sua inclusão. Sharon teria de voltar do coma capaz de fazer isso a tempo.

Os médicos do Hospital Hadassah têm desestimulado excessos de otimismo e advertido que não se sabe quando nem como ele voltará do coma.