Título: Reforma na previdência esquenta debate
Autor: Roberto Lameirinhas
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2006, Internacional, p. A15

SANTIAGO - O sistema previdenciário privado do Chile é hoje o principal nó econômico que os dois candidatos ao segundo turno da eleição presidencial de domingo pretendem desatar. A candidata socialista, Michelle Bachelet, o considera injusto e promete subsidiá-lo para garantir uma pensão mínima a 100% dos trabalhadores chilenos. O candidato da Renovação Nacional, Sebastián Piñera, por seu lado, prometeu conceder aposentadoria também para as donas de casa, hoje sem direitos à cobertura. O programa de Bachelet para o setor custará US$ 180 milhões por ano. O de Piñera, US$ 120 milhões. ¿O sistema de previdência exige mudanças, pois metade dos chilenos não está coberta por ele e, entre os que estão, 40% não conseguirão obter uma aposentaria acima de um salário mínimo (cerca de US$ 200)", disse Piñera.

A sensação generalizada é a de que uma crise no sistema se aproxima. De acordo com projeções de assessores de Bachelet, as Administradoras de Fundos de Pensão (AFP) só serão capazes de pagar a aposentadoria de um em cada três chilenos com direito a ela. ¿Na prática, o que se percebe é uma tendência ao retorno do sistema previdenciário misto, no qual o Estado voltaria a se responsabilizar pela assistência dos que ficaram de fora do sistema privado¿, declarou ao Estado o professor de Economia da Universidade Andrés Bello, Juán Viteri. O Chile foi o precursor de reformas da previdência na região e privatizou o sistema de previdência social em 1981, em plena ditadura de Augusto Pinochet. Pelo sistema, cada trabalhador compulsoriamente deposita 10% do valor de seu salário numa conta de uma administradora à sua escolha.