Título: Entrevista ao `JT¿ desencadeou escândalo em 1997
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2006, Nacional, p. A6

O economista e ex-guerrilheiro Paulo de Tarso Venceslau foi expulso pelo PT em 14 de março de 1998, depois de uma entrevista exclusiva ao Jornal da Tarde, em que fez denúncias de tráfico de influência envolvendo a Consultoria para Empresas e Municípios (CPEM), o advogado Roberto Teixeira e o então presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva. Na entrevista, publicada em 26 de maio de 1997, Paulo de Tarso acusou Teixeira, compadre de Lula, de intermediar a contratação da CPEM por prefeituras petistas sem licitação. Ele disse que Teixeira era dono da CPEM e em troca dos contratos firmados sem licitação faria doações às campanhas eleitorais petistas.

O trabalho da CPEM seria elevar a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de prefeituras, conferindo índices usados pelo Estado para repassar aos municípios suas cotas do total do ICMS. Em troca, cobrava comissão de 20% sobre o aumento da receita. A CPEM deu assessoria a centenas de municípios nas administrações de vários partidos. Pelo menos seis prefeituras do PT contrataram seus serviços, entre elas Agudos, Ipatinga, Diadema, Piracicaba, Santo André e Santos.

O economista disse à época estar cansado de aguardar providências do PT, pois denunciava o caso desde 1993. Ele acusou Lula de usar sua influência e recomendar os serviços da CPEM às prefeituras petistas. Teixeira era dono da casa onde Lula morava de graça desde 1989.

O PT abriu processo na comissão de ética sobre as acusações e a direção do partido baseou-se em seus relatórios para avaliar a conduta de Teixeira e Paulo de Tarso. Teixeira foi absolvido.