Título: Comissão vai convocar legista que apontou tortura
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2006, Nacional, p. A7

A CPI dos Bingos decidiu convocar o médico legista Paulo Argarate Vasques, que assinou o laudo complementar sobre a morte de Celso Daniel. Vasques anotou que ¿a multiplicidade e localização dos disparos¿ no corpo do prefeito são sinais que permitem diagnóstico de tortura. O perito também observou que, de acordo com alguns estudiosos, o próprio seqüestro é considerado ¿como uma forma de tortura¿. Vasques examinou o corpo do prefeito juntamente com o legista Carlos Delmonte, encontrado morto em outubro de 2005. Delmonte havia apontado marcas de tortura em Celso Daniel. Os promotores criminais de Santo André tomaram o depoimento do legista, que se comprometeu a fazer um laudo complementar. Quando ele morreu, Vasques assumiu essa missão.

¿O laudo corrobora nossa linha de investigação¿, declarou o promotor de Justiça Roberto Wider. ¿Celso Daniel foi submetido a uma sessão de tortura clássica a partir da simulação de sua execução. É uma modalidade de tortura.¿

Em seu parecer, Vasques não descreve sinais de espancamento em Celso Daniel, mas assinala que ¿alguns autores psiquiatras já consideram o próprio seqüestro como tortura, considerando o sofrimento psíquico intencionalmente infligido a uma pessoa com a finalidade de obter ganhos¿.

Wider e seus colegas da promotoria criminal estão convencidos de que o prefeito de Santo André foi eliminado porque havia decidido dar um fim em suposto esquema de corrupção que abastecia campanhas eleitorais do PT. ¿Foi crime de mando¿, sustenta Roberto Wider.

O Ministério Público vai pedir ao Instituto de Criminalística uma perícia específica para ¿verificar a compatibilidade entre os tiros contra Daniel e o solo onde o corpo foi encontrado¿. Os promotores suspeitam que o prefeito foi baleado em outro lugar e, depois, levado para a estrada da Cachoeira, em Juquitiba.