Título: Mentor nega ter recebido dinheiro de caixa 2
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2006, Nacional, p. A9

O deputado José Mentor (PT-SP) negou no Conselho de Ética da Câmara ter recebido dinheiro indevidamente do esquema do valerioduto. ¿Não recebi nenhum tipo de vantagem indevida¿, assegurou em seu depoimento ontem, que durou cinco horas. Ele reiterou que recebeu R$ 120 mil ¿ um cheque do advogado Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério, e outro da 2S Participações, empresa de Valério ¿ como pagamento por serviços prestados por seu escritório de advocacia. ¿Não houve caixa 2, o dinheiro tem origem e destino conhecidos. E foram pagos impostos sobre o valor recebido. O que existe é caixa 1.¿ O deputado negou também ter protegido o Banco Rural ao fazer o relatório final da CPI do Banestado.

Mentor começou o depoimento com uma explanação de uma hora e quinze minutos. ¿Não houve atos indecorosos, não abusei das prerrogativas do mandato¿, defendeu-se, reclamando de ¿infâmias e inverdades¿ veiculadas contra ele na imprensa.

O depoimento teve momentos de tensão, por conta da longa inquirição do relator Edmar Moreira (PFL-MG). O advogado de Mentor, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, protestou contra o que considerou falta de foco na condução do depoimento. ¿Com todo o respeito, não estou entendendo o link das perguntas com o caso do deputado Mentor. Gostaria que se voltasse ao cerne da acusação, senão ficaremos flutuando sem voltar ao ponto central¿, reclamou.

Moreira perguntava da campanha do irmão, o deputado estadual Antônio Mentor, à prefeitura de Americana em 2004. O relator não gostou quando Ann Pontes (PMDB-PA), que presidia a sessão, pediu que desse as razões para as perguntas. ¿Não justifico nada a ninguém¿, reagiu.