Título: EUA apóiam uma ONU mais forte
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2006, Internacional, p. A15

Na qualidade de membro fundador, país anfitrião e maior contribuinte da ONU, os EUA estão comprometidos em apoiar esse órgão mundial como instrumento de paz, segurança, liberdade, direitos humanos e desenvolvimento. Desde sua criação, há 60 anos, as Nações Unidas desempenharam um papel fundamental no atendimento às necessidades das nações do mundo todo. No ano passado, o Conselho de Segurança agiu para atenuar a violência no Sudão, pressionou pelo fim da ocupação síria no Líbano e angariou apoio internacional para as eleições no Iraque e a transição democrática nesse país. Outras agências da ONU são chamadas para tratar das necessidades transnacionais mais urgentes, como HIV/aids, ameaça da gripe aviária, socorro às vítimas de terremotos e tsunamis, proteção dos refugiados e fornecimento de alimentos e ajuda humanitária para milhões de pessoas no mundo todo. Buscamos na ONU ajuda para combater o terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa, promover a democracia, estabelecer a paz e levar assistência e estabilidade aos moradores de regiões devastadas pela guerra. Mas é evidente que a ONU tem muitos problemas. Suas falhas - evidenciadas, por exemplo, na má administração e na corrupção envolvendo o programa Petróleo por Alimentos e na exploração sexual praticada pelas forças de paz , que em vez de minorar o sofrimento humano acabam por aumentá-lo - precisam ser solucionadas.

Para que a ONU realize os grandes objetivos para que foi criada, precisa passar por amplas e profundas reformas. O debate sobre como recuperá-la conta hoje com adesão total. Os EUA estão totalmente empenhados nos esforços para reformá-la. Para os EUA, a reforma começa pela reengenharia da própria Secretaria-Geral, incluindo mudanças no orçamento, gestão e administração. O secretário-geral propôs várias melhorias que foram aprovadas pelos líderes mundiais na Cúpula Mundial da ONU, em setembro. Queremos assegurar que outros membros - em especial os países em desenvolvimento - recebam plenamente os serviços pelos quais estamos todos pagando.

A reforma gerencial é fundamental para a ONU atingir os objetivos programados com eficiência, transparência e responsabilidade. Os EUA continuam sendo o maior contribuinte financeiro da ONU do ponto de vista de contribuições obrigatórias e voluntárias. Assim como outros contribuintes, defendemos uma gestão baseada em resultados, efetiva e eficaz, pois dinheiro desperdiçado significa menos recursos para programas eficientes que podem melhorar vidas. Muitos programas da ONU já têm seus mandatos expirados, mas continuam recebendo recursos e mantendo o mesmo pessoal. Por exemplo, o Conselho de Curadoria, criado em 1945 para supervisionar os territórios em via de se tornarem autônomos ou independentes, ainda tem uma equipe na Secretaria-Geral, embora Palau, o último território, tenha se tornado Estado membro em 1994.

Num mundo de poucos recursos, as contribuições dos Estados membros da ONU precisam ser destinadas aos programas mais importantes e eficazes, em especial àqueles que têm como foco os graves problemas de saúde, educação e economia dos países em desenvolvimento. Há muito tempo os EUA combinam compromisso de boa gestão com generosidade. Em novembro, o governo americano elevou para US$ 150 milhões sua contribuição voluntária de 2005 ao programa África Austral do Programa Mundial de Alimentação. Como a Organização Mundial da Saúde adotou reformas para melhorar sua gestão, orçamento e planejamento estratégico, além da supervisão dos programas, os EUA concordaram com um aumento no orçamento-base para 2006-2007, ao mesmo tempo que nossas contribuições voluntárias para essa organização também continuam aumentando. Devido a essas melhorias na gestão, a OMS está mais bem capacitada para enfrentar as ameaças atuais relacionadas à saúde, entre elas a gripe aviária.

Continuaremos a pressionar pelas mudanças necessárias e esperamos trabalhar com todos os governos para garantir que uma melhor gestão da ONU conduza a uma maior eficácia na obtenção de resultados para os mais necessitados. Todas as nações têm interesse nisso - uma ONU que dê o melhor de si, segundo sua concepção original.