Título: Mais 2 jordanianos são mortos em Porto Príncipe
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2006, Nacional, p. A14

Mais dois jordanianos ¿ um oficial e um sargento ¿ morreram ontem de manhã num tiroteio com gangues armadas de Cité Soleil, o bairro-favela mais violento de Porto Príncipe. Um soldado ficou ferido e foi levado, em estado grave, para o Hospital Argentino, da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). De nove militares mortos em ação, desde que a Força de Paz da ONU desembarcou no país, em 1º de junho de 2004, quatro são jordanianos. O último incidente com vítimas na área foi no dia 24 de dezembro, quando um capitão da Jordânia que comandava uma patrulha foi atingido por um disparo na cabeça.

O tiroteio de ontem ocorreu no limite de Cité Soleil com Drouillard, antigo autódromo, perto do aeroporto. Os disparos começaram durante uma operação de vasculhamento por um contingente jordaniano. Os soldados desembarcaram de blindados e começavam a revistar casas quando foram atacados. Não há notícias de vítimas entre civis armados.

A violência de Cité Soleil geralmente repercute em Cité Militaire, bairro vizinho sob controle do Batalhão Haiti, do Brasil, que tem ali dois postos avançados. Os brasileiros ficam sob fogo cruzado durante os tiroteios, quando bandidos se refugiam em barracos da área para fugir dos jordanianos. Isso não ocorreu ontem. ¿Os tiros não chegaram até nossa tropa, porque estamos do lado oposto a Drouillard¿, informou o tenente-coronel Cunha Mattos, chefe de Comunição Social do batalhão brasileiro.

A Jordânia tem dois batalhões no Haiti, com um total de 1.500 homens, o contingente mais numeroso da Minustah. É uma tropa considerada complicada, pela dificuldade de comunicação: com exceção de dois oficiais, que falam inglês, os jordanianos só falam árabe.

O Conselho Eleitoral anunciou que, por causa da violência, Cité Soleil não terá urnas nas eleições presidenciais e parlamentares do dia 7.