Título: Emergente deve se preparar para mudanças, diz Fitch
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

LONDRES - A agência de classificação de risco Fitch Ratings alertou ontem que os mercados emergentes precisam se preparar para tempos mais difíceis, embora contem hoje com o mais favorável ambiente externo. Segundo o diretor-gerente da agência, Brian Coulton, os elevados preços das commodities, a forte liquidez internacional e o apetite por risco entre os investidores têm beneficiado esses países. ¿As classificações de risco nunca estiveram tão altas, os spreads estão muito baixos em termos históricos e, com os yields dos bônus dos Estados Unidos tendo permanecido estáveis, os custos de financiamento nos mercados também nunca foram tão baixos¿, disse Coulton em seminário. ¿Mas, com o apetite global por risco tendo atingido novas altas e a liquidez mundial começando a declinar, os países emergentes fariam muito bem em se preparar para taxas de juros mais altas.¿

Coulton avalia que a perspectiva de curto prazo para a economia mundial continua positiva diante da resistência da economia americana, a recuperação do Japão e sinais de melhora na União Européia. ¿Mas as coisas devem piorar, principalmente em 2007.¿

Ele ressaltou, entre os maiores riscos para a economia mundial, um eventual ajuste forte no mercado imobiliário dos EUA num ambiente de alto endividamento da população e uma nova alta dos preços do petróleo que pressionaria a inflação mundial. ¿As incertezas com a situação no Irã nos levaram a rever o nosso cenário com um preço de US$ 70 por barril.¿

CORREÇÃO

Os preços dos ativos na América Latina podem estar perto da máxima de um ciclo positivo, opinam os analistas Mario Epelbaum e Vinicius Silva em relatório do banco de investimentos Morgan Stanley. ¿Acreditamos que a tendência de alta do mercado latino-americano está longe do fim, mas os fluxos exagerados tornaram o mercado vulnerável a uma correção, se o fluxo diminuir¿, afirmam.

Eles recomendam que os investidores adotem posições defensivas para uma possível correção do mercado no 2º trimestre. Por isso, reduziram a participação do México, um dos que mais subiram na América Latina, e aumentaram a do Chile na carteira latino-americana.

Os analistas dizem que continuam positivos em relação aos fundamentos da região. A América Latina, opinam, se beneficia de um ambiente global extraordinariamente positivo e ¿os bons tempos vão continuar por algum tempo, talvez anos¿.