Título: Para Alckmin, não haverá disputa interna
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/01/2006, Nacional, p. A8

Governador diz que entendimento é uma ¿tradição do PSDB¿

Depois de provocar um mal-estar dentro do PSDB ao anunciar que deixará o governo para tentar disputar a Presidência da República, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ontem não acreditar numa disputa interna no partido para a definição do candidato. ¿Eu não acredito em disputa, acho que vamos nos encaminhar para um bom entendimento nos próximos meses. Essa é a tradição do PSDB¿, minimizou Alckmin.

Durante toda a semana, o governador teve de dar explicações sobre o anúncio feito por ele no domingo de que deixará o cargo de qualquer forma até o dia 1º de abril ¿ prazo máximo para governadores que querem disputar as eleições se desincompatibilizem do cargo. Suas declarações caíram como uma bomba entre o grupo que defende a candidatura do prefeito de São Paulo, José Serra, à Presidência. Para eles, o governador avançou o sinal ao fazer o anúncio e tentou pressionar a legenda para que antecipasse a escolha.

Ontem, o governador mais uma vez disse que o anúncio não foi ¿arquitetado¿. ¿É óbvio que eu vou sair do governo. Se eu quero ser candidato, tenho que me afastar¿, explicou Alckmin, após participar de um ato de criação de um comitê de combate à pirataria.

¿Acontece que, na política brasileira, você falar o que pensa virou surpresa¿, completou.

Para o governador, a pré-candidatura de Serra não está confirmada. ¿O Serra tem dito que não é candidato, não há razão para achar que isso não é verdadeiro¿, declarou. ¿E, se for, também não tem nenhum problema. Isso é natural, é do processo político¿, acrescentou.

Questionado sobre sua desvantagem em relação a Serra nas últimas pesquisas eleitorais, o governador disse que é preciso cautela. ¿Pesquisa a nove meses da eleição... É preciso ter cuidado.¿

Seguindo os passos do governador, o secretário de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, João Carlos Meirelles, anunciou ontem que deixará o cargo para se dedicar à campanha de Alckmin.