Título: Alckmin pressiona PSDB a definir já o candidato à Presidência
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2006, Nacional, p. A8

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pediu ao presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), uma decisão rápida do partido sobre o candidato à Presidência e avisou que aceitará os critérios a serem adotados para a escolha. Tentando demonstrar que o armistício não é jogo de cena, Alckmin contou ontem o que ocorrerá se o escolhido for o prefeito José Serra: ¿O soldado Alckmin se apresenta.¿ Em jantar com Tasso na terça-feira, Alckmin comentou que não disputará uma convenção interna, o que seria motivo de desgaste. A tentativa de mostrar unidade partidária não pára aí: ele e Serra estarão juntos em eventos que a direção tucana promoverá, em fevereiro, em 15 capitais.

¿Quanto mais cedo o PSDB decidir, melhor para mim¿, disse Alckmin a Tasso, em conversa que também teve a participação do líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM). Toda a movimentação indica que a definição ocorrerá até março.

Entre os critérios, conforme adiantou Virgílio, estarão os resultados das pesquisas qualitativas e quantitativas, o índice de rejeição, o confronto com os adversários, os reflexos da eventual saída de Serra da Prefeitura e as negociações com o PFL e outros potenciais aliados.

¿Ficou claro que qualquer decisão será consensual e tranqüila¿, enfatizou Tasso, que prossegue com as conversas, agora com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas, Aécio Neves.

Para Tasso, a posição de Alckmin é ¿absolutamente tranqüila¿. ¿Ele vê a candidatura sem ansiedade, sem pressão e está pronto para qualquer decisão, sempre com muito respeito pela outra candidatura.¿

¿Quem aposta na divisão interna do PSDB vai errar¿, repetiu Alckmin ontem, antes de embarcar para Belo Horizonte, onde se encontrou com Aécio. ¿Acreditamos na possibilidade de entendimento.¿

Sobre os rumores de que Fernando Henrique já teria optado por Serra, o governador paulista foi incisivo: ¿Não houve isso.¿ Acrescentou que tem conversado toda semana com o ex-presidente ¿ o último contato foi no domingo.

¿O ex-presidente Fernando Henrique é a grande referência do PSDB e vejo toda hora notinha aqui e ali em relação a ele. Ele tem sido uma liderança partidária, com a visão de partido, com a visão de Brasil.¿ E prosseguiu: ¿Essa questão da escolha de candidato é um processo de aproximação sucessiva, de conversa de entendimento.¿

¿Como a figura mais importante do partido, o ex-presidente não iria emitir opiniões prévias¿, reforçou Virgílio. Para o líder, a escolha do nome será partidária e ninguém detém o monopólio da decisão na legenda. ¿Não tem Deus nessa história e não temos mágico.¿

Virgílio reuniu ontem a bancada de senadores tucanos ¿ que delegou a Tasso a prerrogativa de negociar o melhor nome para enfrentar o PT nas urnas.

ZEN

Mais tarde, Alckmin contou que foi a Minas e se encontrou com Aécio para ¿ouvi-lo¿. ¿É interessante esse fato: ele é mais jovem do que eu, mas acumulou uma grande experiência¿, disse.

Indagado sobre como saía do encontro, sem ter conseguido apoio explícito, Alckmin respondeu: ¿Vou superfeliz.¿ E justificou: ¿O processo político não é para resolver em horas. É um processo de amadurecimento, de conversa, de entendimento.¿

Alckmin negou informação de que estaria irritado com a briga interna no partido. ¿Sou adepto da tradicional medicina chinesa. Nunca estive tão zen.¿