Título: Brasil quer general no posto logo
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2006, Internacional, p. A16

BRASÍLIA - O general José Elito Carvalho Siqueira, designado novo comandante da Força Militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), assumirá o cargo até o fim do mês. A data não havia sido ainda fechada, mas a expectativa do governo brasileiro é de que ele assuma o posto quanto antes para estar inteirado das novas funções antes das eleições no Haiti, marcadas para 7 de fevereiro. O general Elito, que chegou no fim de semana a Nova York, está cumprindo desde ontem uma agenda de encontros com chefes de departamento da ONU. Os encontros são tradicionais após a escolha para o cargo e antecedem a posse no comando das tropas no Haiti. Elito deverá voltar ao Brasil sexta-feira para arrumar as malas e seguir para assumir o cargo no Haiti.

No sábado, o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, visitará a tropa brasileira em Porto Príncipe. Hoje, o general Albuquerque, que também está em Nova Iorque, será recebido pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Albuquerque agradecerá a confiança de Annan no Brasil para permanecer à frente do comando da força de paz, depois da morte do general Urano Bacellar. Mas aproveitará para falar das dificuldades enfrentadas pela missão e da necessidade de os projetos econômicos e sociais serem tocados, logo depois das eleições.

O general Albuquerque, que estava muito satisfeito com a confirmação do nome do general Elito e conseqüentemente com a manutenção do Brasil à frente da força de paz, explicou ao Estado por que defendia que o País continuasse no comando. ¿Queremos mostrar ao mundo que somos capazes de cumprir esta missão e muito bem¿, afirmou. Ele está convencido de que a morte de Bacellar não afetará a imagem do Exército. ¿O que ocorreu não afetou a instituição, que tem uma imagem preservada há séculos¿, disse, insistindo que o episódio ¿não nos abaterá¿ e o Exército ¿vai cumprir a missão até o fim¿.

Isso significa completar o mandato de um ano que havia sido estabelecido para o general Bacellar, que previa ficar no cargo até agosto. Independentemente do prazo para Elito se manter no posto, no início de fevereiro o Conselho de Segurança da ONU terá de se reunir para prorrogar a resolução que define a permanência da força de paz no Haiti, que se esgota no dia 15. Não há dúvida de que as tropas estrangeiras serão mantidas, dada a situação crítica que vive o país caribenho.

Indagado sobre o prazo para o Brasil deixar o Haiti, o comandante do Exército observou que esta não é uma questão para ser discutida pelo Exército. ¿É uma questão entre o governo brasileiro e da ONU. O tempo é da ONU e dos Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa. De nossa parte, estaremos prontos e em condições de cumprir nosso dever¿, avisou, lembrando que os soldados brasileiros são muito bem preparados para este tipo de missão.