Título: Cai ritmo de criação de empregos
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

BRASÍLIA - A criação de empregos com carteira assinada diminuiu o ritmo em 2005. No ano passado, o mercado de trabalho foi capaz de criar 1,254 milhão de postos de trabalho, ante 1,523 milhão em 2004. Mesmo assim, 2005 apresentou o segundo melhor resultado da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged) do Ministério do Trabalho. Os dados do emprego formal foram divulgados ontem pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Ele previu que pode chegar a 5 milhões o número de empregos formais a serem criados nos quatro anos do governo Lula. Marinho admitiu a desaceleração na abertura de postos de trabalho no ano passado e atribuiu essa perda de velocidade à política de juros do Banco Central. Para este ano, no entanto, o ministro é bastante otimista. Ele acredita que a taxa de juros da economia pode cair mais rapidamente, chegando ao fim de 2006 em torno de 13%.

A queda do juro, aliada a um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 5%, fará, segundo Marinho, com que a geração de novos postos de trabalho volte a ficar no nível de 2004. A estimativa de Marinho para o crescimento da economia é maior do que a do Banco Central, que espera 4%, e a do mercado, que projeta 3,5%.

¿Contando com o emprego informal, a economia solidária e a agricultura familiar, teremos criado 8 milhões de empregos no primeiro mandato do presidente Lula¿, disse Marinho. Em três anos do governo Lula, a criação de postos de trabalho com carteira assinada medida pelo Caged já alcança 3,422 milhões.

É quase o dobro dos empregos criados em todo o segundo mandato do presidente Fernando Henrique, mas menos do que o próprio governo anuncia em sua propaganda oficial (3,7 milhões). De 1999 a 2002, foi criado 1,815 milhão de postos de trabalho.

Em 2005, os setores que mais criaram empregos foram os serviços (569.705), o comércio (389.815) e a indústria de transformação (177.548). A geração de empregos foi negativa no setor agropecuário, que eliminou 12.878 postos de trabalho. Marinho atribuiu o desempenho negativo do setor à queda do preço das commodities no exterior, à seca no Sul do País e à febre aftosa.

No ano passado, ao contrário de 2004, as regiões metropolitanas voltaram a criar mais empregos que o interior. Juntas, responderam por 569.736 postos de trabalho, dos 1.253.981 criados no ano.

Em termos regionais, o melhor desempenho foi da Região Sudeste (790.111 empregos), com destaque para São Paulo, que apresentou saldo líquido de 472.931 postos de trabalho.

Em dezembro de 2005, 286.719 postos de trabalho foram fechados. Tradicionalmente, o Caged registra mais demissões em dezembro porque a indústria costuma dispensar funcionários nesse período .