Título: 'É movimento de curto prazo'
Autor: Márcia De ChiaraAlessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

O soluço da inflação captado pelos primeiros indicadores de preços de janeiro é considerado passageiro pelos economistas especializados em preços e não é motivo para que o Banco Central (BC) interrompa a trajetória de queda dos juros. ¿O dado mais importante neste momento é o ritmo de atividade, não a elevação dos preços¿, observa o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), Paulo Picchetti. Para ele a elevação da inflação neste mês reflete, além questões sazonais, como gastos com educação e viagens, problemas de oferta, como no caso do álcool.

¿Trata-se mais de um movimento de curto prazo, do que uma reversão da tendência de desaceleração da inflação, dado o quadro atual de política fiscal e monetária¿, destaca Picchetti. O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, diz também que a aceleração da inflação este mês não reflete um aumento generalizada de preços, e sim uma pressão passageira.

Quadros, da FGV, faz coro com Picchetti, da Fipe, e argumenta que o dado mais relevante neste momento para a condução da política monetária é o desaquecimento do ritmo de atividade, conforme mostraram os dados da produção industrial apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em novembro.

O resultado foi de um acréscimo de apenas 0,6% na comparação com o mês anterior, descontados os efeitos sazonais. ¿São muitos os indicadores que mostraram desaquecimento.¿