Título: IPC-Fipe e IGP-10 apontam alta da inflação
Autor: Márcia De ChiaraAlessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

Dois indicadores de preços mostram que a inflação começou o ano em alta. O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) subiu 0,59% na 2ª quadrissemana deste mês, 0,13 ponto porcentual acima da 1ª quadrissemana de janeiro e mais que o dobro do resultado de dezembro (0,29%). Por causa desse resultado, que ficou acima das expectativas, o coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, revisou para cima a projeção do IPC para este mês, de 0,45% para 0,60%.

Também a inflação medida pelo Índice Geral de Preços ¿10 (IGP-10) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) surpreendeu. Atingiu em janeiro o maior nível em nove meses: 0,84%. O resultado é 14 vezes superior à taxa de dezembro (0,06%) e ficou acima das expectativas do mercado, entre 0,30% e 0,60%.

O IGP-10 foi pressionado pelos preços dos alimentos e dos combustíveis, especialmente pelo Índice de Preços por Atacado (IPA), que responde por 60% do índice e subiu 1,03% em janeiro, depois de uma deflação de 0,16% em dezembro.

Um dos fatores que mais contribuíram para essa elevação foi a perda da influência benéfica do câmbio, segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros.

Entre os preços que puxaram para cima o IPA de dezembro para janeiro, estão os produtos agrícolas (de 0,61% para 2,32%), principalmente soja (de -2,01% para 6,40%), e o fim da deflação nos preços dos produtos industriais (de -0,41% para 0,63%). Esse segmento foi influenciado pela alta no álcool etílico hidratado (de 4,93% para 5,04%).

No IPC-Fipe, que mede os preços no varejo, o álcool combustível também pressionou e o indicador subiu 12,82% na 2ª quadrissemana. A alta do índice foi liderada pelas despesas com educação, com 2,10%. Picchetti diz que esse aumento era esperado por causa do reajuste de 8% nos cursos regulares.

Já a despesa com viagens subiu 16,89% no período e foi a vilã do indicador, contrariando o comportamento normal para esta época do ano, segundo o economista. Após a alta de dezembro, ele esperava estabilidade este mês. ¿As viagens responderam por quase 25% da inflação.¿

Com isso, as despesas pessoais, que incluem gastos com viagens, subiram 1,44%.