Título: `Furlan é um quadro da burguesia brasileira¿
Autor: Denise Chrispim Marin, Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2006, Economia & Negócios, p. B8,9

BRASÍLIA - O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, qualificou ontem de ¿um quadro da burguesia brasileira, reconhecidamente forte¿, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Luiz Fernando Furlan . Também lamentou que seu país não tenha uma classe tão bem estruturada como a que se vê no Brasil.

A declaração foi dada à imprensa argentina, na manhã de ontem, antes de seu encontro com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, da Venezuela, na Granja do Torto.

Kirchner e Furlan têm posições opostas no Mercosul sobre como agir em relação a setores industriais argentinos debilitados pelas políticas econômicas das últimas duas décadas e pela concorrência de produtos brasileiros.

E em especial sobre adoção da Cláusula de Adaptação Competitiva (CAC) ¿ eufemismo para salvaguardas comerciais ¿, tema de negociações entre os dois países ocorridas também ontem, no MDIC.

Kirchner insistiu que a adoção da CAC, que deverá estar pronta até 31 de janeiro, é ¿muito importante¿ e significará um ¿salto qualitativo¿ no comércio bilateral e na diminuição das assimetrias entre as indústrias dos dois países.

Mesmo sendo voto vencido no governo brasileiro, Furlan preferiria restringir os contenciosos à Comissão de Monitoramento do Comércio Brasil-Argentina, organismo que considera ¿adequado, dinâmico, que já pegou o jeitão da coisa¿, em vez da criação de um mecanismo que fragilizaria o Mercosul.