Título: Em 2006, entrada de capitais não cresce
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2006, Economia & Negócios, p. B3

Previsão para a América Latina é do Instituto de Finanças Internacionais

WASHINGTON - O relatório semestral sobre os fluxos de capitais para os mercados emergentes divulgado ontem pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, em inglês) destaca uma tendência à estagnação dos fluxos de investimentos diretos privados para a América Latina. O instituto reúne 340 bancos, companhias de seguro e financeiras globais. Depois de saltar de US$ 29 bilhões em 2004 para US$ 44,1 bilhões no ano passado, a região verá os fluxos privados líquidos recuarem em 2006 para US$ 38,5 bilhões. Os fluxos diminuirão também para outras regiões.

Mas os países emergentes da Europa Central, que em 2003 atraíram US$ 66,2 bilhões, fecharão 2006 com mais que o dobro, ou US$ 128,8 bilhões, depois de terem recebido US$ 143,8 bilhões em 2005, ou o triplo da América Latina.

No documento de 24 páginas publicado ontem, o IIF prevê que a economia brasileira terá uma expansão de 3,5% este ano, mas receberá o mesmo montante de investimentos diretos privados líquidos que atraiu no ano passado.

O IIF trabalha com o montante de US$ 12 bilhões, embora ontem o Banco Central tenha divulgado superávit de US$ 14,19 bilhões. Segundo o estudo, o Brasil seria superado nesse quesito pelo México, mas suplantaria o país como principal destino de fluxos de capitais líquidos, que incluem outras formas de investimentos.

Segundo o IIF, os fluxos líquidos de capitais em todo o mundo aumentaram em US$ 40 bilhões e atingiram um novo recorde de US$ 358 bilhões em 2005, bem acima dos US$ 324 bilhões de 1996, o ano anterior ao início da crise asiática.

O instituto projeta a continuação de níveis robustos de fluxos de capitais para as economias emergentes em 2006, mas prevê uma ligeira queda.

O vice-diretor-gerente e economista-chefe do IIF, Yusuke Horiguchi, informou que os mercados emergentes da Ásia manterão a liderança, com US$ 130 bilhões de fluxos privados líquidos este ano ¿ um pouco menos do que os US$ 142 bilhões de 2005.

Segundo ele, a Ásia deverá representar 41% do total para os mercados emergentes este ano, com a China na dianteira, recebendo 70% (US$ 50 bilhões) dos capitais.