Título: Investimento chinês no País foi pífio
Autor: Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2006, Economia & Negócios, p. B3

Decisão do governo de reconhecer a China como economia de mercado não se traduziu em aplicações

BRASÍLIA - O Brasil passou 2005 sem colher os frutos de ter reconhecido a China como economia de mercado, no campo dos investimentos externos no setor produtivo. ¿Os investimentos diretos dos chineses em 2005 foram insignificantes¿, disse ontem o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes. Para este ano, Lopes disse não ter nenhuma perspectiva de grandes elevações dos níveis destes investimentos. ¿Não temos nada em vista¿, disse Lopes.

Em todo o ano passado, o Brasil recebeu US$ 15,193 bilhões, ante US$ 16,937 bilhões em 2004. A maior parte dos investimentos veio dos Estados Unidos, seguidos pelos Países Baixos. Este mês, o volume de investimentos diretos deverá chegar a US$ 1,2 bilhão.

A China, segundo o chefe do Depec, é atualmente um dos países com maior volume de investimentos produtivos feitos fora de suas fronteiras.

¿Com reservas de US$ 809 bilhões, os chineses têm a capacidade de investir muito fora e ao mesmo tempo estão na liderança da recepção de investimentos diretos de outros países¿, disse. Só em 2005, a China recebeu US$ 60 bilhões em investimentos diretos.

Altamir destacou que uma das principais características dos investidores chineses é a cautela. ¿Eles são muito cuidadosos na hora de realizar um investimento.¿

ESTRANGEIROS

Os investimentos estrangeiros em ações de empresas brasileiras negociadas na Bolsa de Valores, em contrapartida, experimentaram grande expansão em 2005 e atingiram a marca dos US$ 6,451 bilhões.

¿Isto é reflexo do fato de a economia estar em bom estado e de a nossa Bolsa ter apresentado bom desempenho no ano passado¿, disse. O valor do ano passado, de acordo com o chefe do Depec, foi o maior já registrado pelo País desde 1997, quando terminou o ano em US$ 6,87 bilhões.

O ambiente internacional positivo, segundo Altamir Lopes, também contribuiu para o aumento da procura dos estrangeiros pelas ações de empresas brasileiras.

Os estrangeiros, de acordo com dados da Bovespa, responderam por 32,8% de todo o volume negociado no ano passado. ¿Esta foi a maior participação dos estrangeiros desde o Real¿, disse um porta-voz da Bovespa.

Nos primeiros 16 dias deste ano, o movimento se intensificou e os estrangeiros já eram responsáveis por 34,7% dos R$ 23,068 bilhões negociados na Bovespa.

Fora isso, os investimentos estrangeiros em ADRs de empresas brasileiras negociadas fora do País fecharam 2005 em US$ 1,03 bilhão.

No ano de 2004, os investimentos em ADRs tinham ficado em US$ 845 milhões.