Título: Decisão sobre o mínimo fica para terça
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2006, Nacional, p. A10

Ficou para a próxima terça-feira a última tentativa do governo de fechar um acordo com as centrais sindicais sobre o novo valor do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda. Ontem, na quinta reunião para tentar decidir a questão e que durou mais de sete horas, não foi possível chegar a um entendimento. Como última contra-proposta as centrais sindicais aceitam R$ 350,00 para o salário mínimo proposto pelo governo, desde que a vigência seja antecipada para abril. Eles também aceitam que a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física seja corrigida em 8% já a partir de fevereiro.

Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que saiu várias vezes da reunião para conversar com a liderança do governo na Câmara e com o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, o acordo está próximo. Ele disse que a reunião de terça-feira será presidida por Lula, que já solicitou os cálculos necessários sobre o impacto da proposta nas contas públicas.

¿Se não houvesse possibilidade de acordo teríamos rechaçado a proposta de imediato e isso não aconteceu¿, frisou.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, disse que os trabalhadores chegaram no limite. ¿Agora está nas mãos do governo, que só não faz o acordo se não quiser¿, disse Paulinho. Ele lembrou que as centrais começaram a negociação reivindicando um mínimo de R$ 400,00 e a correção da tabela do Imposto de Renda em 13%. Durante a negociação os trabalhadores cederam e o valor do mínimo baixou para R$ 360,00 e depois para R$ 350,00 conforme queria o governo. O índice de correção da tabela pedido pelos sindicalistas também caiu para 10% e eles agora já estão aceitando 8%, um índice bem próximo ao proposto pelo governo, que era de 7%.

¿Não dá mais para diminuir. Já demos até as calças¿, disse Paulinho.

O impasse ontem girou em torno do mês de incidência do valor do novo salário mínimo. O governo não queria abrir mão do mês de maio e os sindicalistas exigiam março. Ao final saiu a proposta intermediária para a data-base ser abril. João Felício, presidente da CUT, disse que a correção da tabela do IR vai ser muito importante para a classe média, que pagará menos imposto.

Pelos cálculos já feitos anteriormente e que agora serão revistos para averiguar se há espaço no orçamento, um mês a mais de salário mínimo no valor de R$ 350 custará R$ 1,68 bilhão e, com a correção da tabela o governo perderá outro R$ 1,1 bilhão em arrecadação.