Título: Na operação tapa-buraco, doadores de campanhas do PT
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2006, Nacional, p. A4

Quase duas semanas após ter iniciado a operação tapa-buraco, o governo divulgou na sexta-feira uma relação parcial das empresas que executarão obras do programa em caráter de emergência, com dispensa de licitação. De acordo com informações obtidas na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet, algumas delas foram doadoras de recursos para as campanhas de partidos da base aliada do governo nas eleições municipais de 2004. A Delta Construções, por exemplo, foi uma importante doadora para as eleições daquele ano. Segundo as informações preliminares divulgadas pelo Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), a Delta receberá R$ 3 milhões para fazer as obras emergenciais na BR 230, no Maranhão, e conseguiu outro contrato de emergência (de R$ 2,35 milhões) para intervenções na BR 110, na Paraíba.

Segundo o TSE, as doações totais da empresa a partidos naquele ano somaram cerca de R$ 1,7 milhão. Desse total, R$ 415 mil foram para o PT de São Paulo. A empresa fez ainda doações a partidos da base como o PL (do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento) e o PMDB, e também para o PSDB.

Outra empresa que aparece na lista das obras com dispensa de licitação e também foi doadora é a Egesa Engenharia, que receberá R$ 3 milhões para fazer reparos num trecho da BR 040, em Goiás. O site do TSE registra que a empresa doou R$ 465,8 mil nas eleições de 2004, para partidos da base (como o PL e o PMDB) e de oposição (PDT). A maior doação, de R$ 210 mil, foi para o PL de Palmas (TO).

Iniciada em 9 de janeiro, a operação tapa-buraco soma investimentos de R$ 440 milhões para reparos em 26.441 mil quilômetros de rodovias em 25 Estados. Na semana passada, o diretor-geral do DNIT, Mauro Barbosa da Silva, disse que 12% dos trabalhos previstos haviam sido executados. Os contratos com dispensa de licitação correspondem a cerca de 7,2 mil quilômetros. O ministro Alfredo Nascimento foi ao Tribunal de Contas da União explicar os critérios para a decretação do estado de emergência em trechos de estradas (o que possibilita a dispensa de licitação).