Título: Lula pedirá a empresários aposta no crescimento
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2006, Nacional, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer reuniões com empresários em vários Estados para incentivá-los a investir mais no País. Lula quer apresentar dados sobre a economia nos últimos anos e mostrar que o Brasil está preparado para crescer de forma continuada. Lula acha que a política de redução das taxas de juros em execução pelo Banco Central vai permitir uma retomada da atividade econômica. Mas considera que o crescimento só será sustentado se os empresários efetivamente decidirem apostar nisso.

Os encontros do presidente com os empresários ainda não estão agendados, mas devem ocorrer ao longo das próximas semanas. Lula está recebendo estudos sobre a situação econômica do País e as perspectivas para este ano e os seguintes.

Os estudos são feitos por economistas de dentro e de fora do governo. Nesses documentos, o presidente recebe números sobre os resultados de seu governo e comparações com os resultados obtidos por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

PREPARAÇÃO

Antes dos encontros, Lula quer se preparar para responder aos questionamentos que possam ser levantados pelos empresários.

De acordo com relatos de interlocutores do presidente, ele está convencido de que este ano a economia poderá ter um desempenho muito superior ao de 2005, mas teme que um clima de pessimismo, alimentado pela disputa eleitoral, possa arrefecer o ânimo do empresariado. Lula quer atuar sobre as expectativas dos empresários e para isso poderá, segundo as mesmas fontes, anunciar novas desonerações tributárias.

DESONERAÇÃO

Uma idéia em estudo dentro do governo prevê a completa desoneração dos tributos federais que incidem sobre os bens de capital. Essa desoneração foi iniciada em anos anteriores e ganhou força no ano passado, com a aprovação da chamada MP do Bem.

Outra medida que está sendo avaliada é a de dar prosseguimento à redução de tributos federais sobre a cesta básica de alimentos e sobre um conjunto de itens básicos para a construção civil.

Nas conversas com esses interlocutores, Lula tem dado a entender que suas chances na disputa presidencial dependem diretamente do desempenho da economia.

Por isso, alguns desses interlocutores temem a reação do presidente à divulgação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de números ruins sobre o desempenho da economia no primeiro trimestre deste ano.

A divulgação dos dados do IBGE sobre os primeiros três meses do ano está prevista para ocorrer em abril

PACIÊNCIA

Se a economia não estiver em forte crescimento, alguns temem que o presidente perca a paciência com o Banco Central e passe a interferir diretamente na fixação da taxa de juros.

¿Ele pode chutar o balde¿, resumiu uma fonte ao comentar possível reação de Lula.