Título: Quatro anos depois, dúvidas permanecem
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2006, Nacional, p. A5

Uma família oprimida, a de Celso Daniel, reúne-se hoje à noite na Igreja do Carmo, em Santo André, onde será celebrada missa comunitária em memória do prefeito do PT, morto em 20 de janeiro de 2002. Não haverá discursos nem manifestos, apenas o sermão, pois é desejo dos quatro irmãos não transformar o culto em ato político. Quatro anos depois do crime, os Daniel e o Ministério Público têm uma certeza: ele foi vítima de crime de mando. Mas são muitas as dúvidas. Uma delas é que houve mais de um mandante. ¿A família acredita que é muito possível que haja outros mandantes¿, disse o professor Bruno José Daniel Filho, de 53 anos, irmão mais novo de Celso. ¿As evidências mostram que o crime foi planejado por mais de um. É necessário continuar a investigação.¿

Os promotores criminais encarregados do caso já apontaram formalmente à Justiça aquele que consideram um dos mandantes, o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sérgio Chefe. Eles sustentam que Gomes tinha interesse na eliminação do prefeito porque seria um dos articuladores da ¿quadrilha organizada estável¿ que teria se apossado de setores da máquina municipal.

O empresário ficou preso sob regime preventivo durante seis meses, em 2004, mas o Supremo Tribunal Federal mandou soltá-lo. Ele nega a acusação.

Outra dúvida que angustia a família é relativa ao cativeiro onde o prefeito passou suas últimas horas, antes de ser levado para a execução sumária na estrada da Cachoeira, em Juquitiba (Grande São Paulo). ¿É uma incógnita¿, observa Bruno.

¿A suspeita é que o Celso passou por mais de um cativeiro¿, anota o promotor Roberto Wider Filho. ¿Não sabemos ainda quem ficou tomando conta dele nos cativeiros e quem atirou. Está descartada a possibilidade de os tiros terem sido disparados pelo menor L.S.N. Ele nunca esteve com Celso.¿