Título: ACM diz que caso Santo André foi crime de petistas
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/01/2006, Nacional, p. A5

Senador bate boca com Mercadante e acusa PT de encobrir assassinatos de Celso Daniel e Toninho

Um discurso do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), provocou a reação irada do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e acabou em violento bate-boca ontem, que começou com críticas à ¿incompetência¿ do governo e ¿à falta de ética¿ dos petistas e teve acusações de roubo e achaques. ACM chegou a falar em ¿crimes praticados por petistas¿ e os acusou de assassinato, referindo-se às mortes dos prefeitos petistas Celso Daniel (Santo André) e Toninho do PT (Campinas), em janeiro de 2002 e setembro de 2001, respectivamente. O líder reagiu aos gritos. Na tribuna, Mercadante criticara o governador paulista, Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, por vetar projeto que proibia máquinas caça-níqueis em bares e restaurantes do Estado. O petista leu carta em que o corregedor da Assembléia, Romeu Tuma Júnior (PFL), irritado com o veto, queixa-se do ¿jeito totalitário do governador¿, que ¿já começa a viajar pelo País em campanha¿ e ¿dá carta branca aos empresários do jogo, contraventores que financiam campanhas eleitorais¿. Mercadante cobrou a CPI dos Bingos. ¿Esta CPI investiga tudo menos os bingos. Vamos fazer esse debate, tomar posição, ou a CPI vai fingir que não está vendo?¿

ACM atacou: ¿V. Exa. já quer interferir na disputa do PSDB (entre Alckmin e o prefeito José Serra). Seu propósito é enfraquecer o candidato que vai derrotar Lula¿, disse. ¿O que incomoda é que a CPI está desmascarando todos os atos lesivos ao País acobertados pelo PT, até os crimes praticados pelos petistas contra correligionários, como o assassinato do Celso Daniel e do Toninho¿, acusou.

¿Me conceda um aparte. O senhor fez uma acusação inaceitável. Não pode fazer uma acusação dessas, vocês mataram, olhando para mim¿, reagiu o petista. ACM respondeu: ¿Vocês estão encobrindo. Familiares vieram aqui reclamar. Não disse que V. Exa matou. Disse que foram seus correligionários. O Sombra (Sérgio Gomes da Silva) é correligionário de V. Exa.?¿ Mercadante rebateu: ¿Não é meu correligionário e não tenho ligação com ele. Também tenho dúvidas, mas quem fez o inquérito foi a polícia paulista. Se há qualquer dúvida é lá. E V. Exa. não tem mais interesse do que eu de esclarecer esse crime, porque o Celso Daniel é meu amigo desde antes de existir o PT. Minha atitude é muito transparente sobre este episódio, mas o que estávamos discutindo eram os bingos.¿

¿MALDADE¿

O presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), também defendeu Alckmin. Falou dos ¿males que a falta de ética do PT¿ causa ao País. Disse que a acusação mais ¿leviana e covarde¿ é a que não se coloca ¿de frente¿, mas ¿deixa no ar uma maldade mentirosa, sem adjetivação, de maneira aparentemente inocente¿. Segundo ele, a ¿maldade¿ contra Alckmin foi feita bem ao ¿estilo malicioso do PT¿, que diz que quer enfrentar os bingos, mas apresenta um projeto para legalizá-los.

No fim, foi Mercadante quem baixou o tom. Ele voltou à tribuna para dizer que não fizera acusação ou insinuação contra Alckmin. ¿Como sou oposição no Estado, eu fiscalizo e cobro.¿