Título: Acordo do álcool ainda não chegou ao consumidor
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

O acordo para conter a disparada dos preços do álcool ainda não aliviou o bolso do consumidor. Pesquisa semanal divulgada ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) aponta que, na semana seguinte ao acordo, o preço do álcool hidratado na bomba subiu 0,6%, em média, no País, para R$ 1,735 por litro. Em São Paulo, onde se esperava queda mais rápida, já que o mercado está mais perto das usinas, a alta foi maior, de 1,6%. O preço médio ficou em R$ 1,522 por litro no Estado. O aumento na semana passada, no entanto, é bem inferior ao da semana anterior, de 4,5%.

O acordo conseguiu, pelo menos, estabilizar o mercado de álcool anidro, que é misturado à gasolina. O reflexo do acordo, assim, é mais visível no caso da gasolina, cujo preço médio ficou em R$ 2,501 por litro, comparado com a segunda semana de janeiro. Em São Paulo, a gasolina também ficou estável, subindo de R$ 2,374 para R$ 2,376 por litro.

A ANP apurou que a alta na semana passada reflete o aumento de 1,6% no preço das distribuidoras, já que a margem de lucro dos postos caiu 6,8%, de R$ 0,204 para R$ 0,190. O ganho dos revendedores, porém, ainda supera o R$ 0,168 da última semana de dezembro.

Há duas semanas, os usineiros aceitaram fixar o limite de R$ 0,95 para o hidratado e de R$ 1,05 para o anidro. Segundo dados do Cepea/USP, isso vem sendo cumprido no anidro, que fechou a semana passada em R$ 1,02. O hidratado está acima, em R$ 1,01.

Ainda assim, os valores estão abaixo dos da semana anterior: queda de 2,53% e 0,87%, respectivamente. A demora no repasse das vantagens para o consumidor preocupa o governo, que decidiu chamar revendedores e distribuidores para discutir suas margens de lucro.

A medida provocou críticas. O presidente da Federação do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes, Gil Siuffo, enviou carta ao governo para demonstrar ¿estranheza¿ com a proposta. Ele afirma que os preços são livres e a entidade não poderia obrigar os associados a reduzir ganhos, sob o risco de ser acusada de formação de cartel.