Título: Brasil fica na contramão na rota do investimento
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/01/2006, Economia & Negócios, p. B9

GENEBRA - O Brasil vai contra a corrente mundial em 2005 no que se refere a investimentos e perdeu o posto de principal destino de recursos estrangeiros na América Latina. Segundo dados publicados ontem pela ONU, os cálculos preliminares apontam que o País fechou 2005 com uma queda de 15% no fluxo de capital estrangeiro. Enquanto isso, o fluxo mundial de investimentos aumentou 29%. A queda brasileira foi a maior entre os principais mercados latino-americanos e uma das mais acentuadas no mundo. Segundo a Conferência da ONU para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad), o Brasil fechou 2005 com uma entrada de US$ 15,5 bilhões em investimentos diretos. Em 2004, o volume havia sido de US$ 18,2 bilhões.

Com a queda, o Brasil foi superado mais uma vez pelo México como o maior destino de recursos estrangeiros na América Latina. Os mexicanos, embora tenham caído 4% em relação a 2004, obtiveram US$ 17,2 bilhões em 2005. Apesar da redução de recursos no Brasil, o volume de investimentos no ano passado foi superior ao fluxo de 2003, quando apenas US$ 10 bilhões entraram no País.

No geral, a América Latina conseguiu um aumento de apenas 5% no fluxo de investimentos, atingindo US$ 72 bilhões. A média da região foi inferior à dos países em desenvolvimento, que chegou a 13%, com US$ 273,5 bilhões.

Até mesmo o crescimento dos investimentos na África, de 55%, foi superior ao da América Latina, embora o volume seja de apenas um terço do latino-americano. As principais economias da região enfrentaram problemas.

O Chile teve queda de 8% nos fluxos estrangeiros e a Argentina conseguiu um aumento de apenas 3%. No total, o mundo teve um volume de investimentos de US$ 897 bilhões em 2005.

A surpresa foi a China, onde os investimentos não cresceram entre 2004 e 2005, a primeira vez que isso ocorre desde 1999. Mesmo assim, o volume anual já é alto e chega a US$ 60 bilhões, quase todo o investimento na América Latina no mesmo ano.