Título: Metas para a área de Defesa serão mantidas
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2006, Economia & Negócios, p. B8

Os dois reveses sofridos pela Embraer nas últimas semanas, relativos a contratos militares, não deverão interferir na meta da empresa de ampliar de 10% para 20% de suas receitas a participação da área de Defesa, afirmou ontem o presidente da empresa, Maurício Botelho.

Na semana passada, o Exército americano anunciou o cancelamento do projeto de construção de um avião de vigilância - Aerial Common Sensor (ACS) - que seria desenvolvido pela Lockheed Martin com a participação da fabricante brasileira. Antes disso, os americanos anunciaram um boicote à venda de 24 aeronaves Super Tucano para a Venezuela, um negócio avaliado em US$ 230 milhões. "A meta de 20% não estava condicionada ao programa ACS e estamos desenvolvendo outros projetos nos Estados Unidos", disse Botelho, que reconheceu que o mercado de Defesa "é realmente muito duro. As receitas globais estão diminuindo e não temos capacidade de ter uma grande abrangência de produtos."

Sobre a venda para a Venezuela, Botelho declarou que não se dará por vencido. "Este é um problema da Venezuela com os EUA. Não serão o Brasil nem a Embraer que vão resolver essa questão", disse. No início da semana, o presidente Lula disse ao seu colega argentino Néstor Kirchner que não aceita a intromissão de Washington, e que tentaria resolver a questão pessoalmente. "Acredito que haverá uma evolução, pois não se trata de um avião de agressão, mas de um avião voltado para fazer valer a lei, voltado para missões de combate ao tráfico de drogas e de armas", disse Botelho.