Título: Guarda suíça completa 500 anos
Autor: Gina Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2006, Vida&, p. A23

Em seu aniversário, soldados revêem sua relação com outras forças de segurança do papa

A Guarda Suíça, que fornece proteção pessoal aos papas, comemora seus 500 anos de existência em meio a dúvidas sobre seu papel dentro do Vaticano.

Amanhã, na data oficial de sua criação, uma celebração acontece em Roma, com o lançamento de uma moeda comemorativa, enquanto em Freiburg, na Suíça, uma missa lembrará o evento.

O auge das comemorações ocorre em maio, quando veteranos chegarão a Roma após um mês de marcha. O evento relembra, ao mesmo tempo, duas datas importantes: 22 de janeiro de 1506, quando o primeiro destacamento foi ao Vaticano participar de uma comitiva do papa Júlio II; e 6 de maio de 1527, quando 140 guardas morreram para proteger o papa Clemente VII do saque a Roma, feito pelos soldados do rei espanhol Carlos V.

O menor exército do mundo mantém suas tradições intactas, inclusive a farda supostamente desenhada pelo artista Michelangelo. As cores azul, amarelo e vermelho são uma homenagem à família Médici.

No século 21, o perigo não vem de fora do Vaticano. A falta de coordenação entre a Guarda Suíça e a Gendarmaria do Vaticano - as duas forças incumbidas de zelar pelo papa - poderia representar um risco para a segurança.

Segundo Enrico Marinelli, que de 1985 à 1999 chefiou a Inspetoria da segurança pública no Vaticano, a rivalidade entre os serviços pode transformar o chefe da Igreja Católica num fácil alvo de atentado. "Diante da ameaça do terrorismo, a falta de coordenação representa um perigo ainda mais grave para a proteção do papa", disse à revista Panorama.

A Guarda Suíça e a Gendarmaria devem proteger o papa e o Vaticano, mas suas funções são distintas. Os guardas suíços, cujo comandante é Elmar Theodor Maeder, são coordenados pela Secretaria de Estado da Santa Sé. Os soldados, comandados por Camillo Cibin há quase 30 anos, obedecem à Pontifícia Comissão pelo Estado da Cidade do Vaticano. A Guarda Suíça mantém a sua representação cerimonial , controlando as oito entradas do Estado. Toda vez que o papa viaja para a Itália ou para o exterior é a Gendarmaria que o acompanha.

Segundo a revista, o comandante da Guarda Suíça está preocupado: "Há a necessidade de uma constante e maior coordenação entre aqueles que se ocupam da segurança no Vaticano." Ele programou, com a polícia suíça, um treinamento específico contra o terrorismo. Já a Gendarmaria conta com diversos agentes antiterrorismo que vêm de departamentos especiais da Polícia de Estado italiano e dos carabinieri (o equivalente à PM no Brasil).