Título: Suíça quer dados de Jersey sobre Maluf
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2006, Nacional, p. A14

Para Justiça de Genebra, processo por lavagem poderia deslanchar

Os dados bancários sobre o ex-prefeito Paulo Maluf que estão com a Justiça da Ilha de Jersey podem ajudar a Suíça a também indiciar o ex-prefeito por lavagem de dinheiro. Na quinta-feira, a Corte de Jersey rejeitou um recurso dos advogados de Maluf, que pretendiam dificultar o envio das informações bancárias do ex-prefeito ao Brasil.

Para os suíços, caso esses documentos sejam revelados, o processo por lavagem de dinheiro que existe contra Maluf em Genebra poderá deslanchar. Na Suíça, a Justiça abriu uma investigação contra o ex-prefeito e ainda bloqueou cerca de US$ 4 milhões que estão em nome de seu filho Flávio Maluf num banco em Lausanne. A nova documentação, portanto, poderia revelar a informação que falta para que os suíços peçam o indiciamento de Maluf. Na decisão da Corte da Jersey fica claro que a Procuradoria-Geral conta com informações sobre eventuais crimes envolvendo Maluf que, segundo o tribunal, nem mesmo a Justiça brasileira conheceria.

A Suíça teria sido o primeiro destino dos recursos do ex-prefeito, que no fim dos anos 90 foi pressionado pelos bancos locais a revelar sua origem. Segundo o UBS, uma das maiores entidades financeiras da Europa, Maluf optou por transferir grande parte do dinheiro para Jersey, um paraíso fiscal que na época ainda garantia maior sigilo sobre as contas bancárias que os demais centros financeiros da Europa. A Justiça suíça confirma a informação de que grande parte dos recursos deixou o país em direção ao outro paraíso fiscal.

O procurador-geral de Genebra, Daniel Zapelli, informou ao Estado que, caso os documentos sejam enviados ao Brasil, espera que a Justiça brasileira compartilhe seus dados com os suíços. "Acompanhamos a prisão de Paulo Maluf no Brasil e estamos trabalhando em cooperação nesse caso. Queremos continuar nesse ritmo", disse Zapelli. Ele garantiu que o processo contra Maluf na Suíça continuará aberto.