Título: Amorim rebate críticas de FHC
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2006, Internacional, p. A20

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, rebateu ontem com sutil ironia as críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a participação de tropas brasileiras na Missão de Estabilização da Organização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). Em entrevista à imprensa, lembrou que em 1995, quando chefiava a Missão do Brasil na ONU, cumprira uma ordem do então presidente FHC de tornar viável a inclusão de militares brasileiros na missão de verificação da ONU em Angola.

Anteontem, em Genebra, FHC afirmou não ver correspondência entre a atuação do Brasil no Haiti e o interesse nacional. Declarou-se ainda preocupado com a missão, por mostrar-se cada vez mais complexa e longa, e com a ausência de uma data para o retorno dos soldados brasileiros. Para o ex-presidente, o governo Luiz Inácio Lula da Silva precipitou-se ao enviar as tropas ao Haiti.

¿Tive a honra de conseguir que o Brasil tivesse uma ampla participação em Angola. O Brasil teve, naquela ocasião, uma participação numérica equivalente à de hoje no Haiti e tampouco era uma situação fácil.Morreram brasileiros lá¿, limitou-se a responder Amorim, ao ser questionado sobre a ponderação de FHC. "Eu tive a honra de cumprir a instrução dele (FHC) na ONU¿, completou.

De fato, o Brasil enviou, entre agosto de 1995 e julho de 1997, um efetivo de 800 militares para a terceira Missão de Verificação da ONU em Angola. Também foram enviados 200 soldados da Companhia de Engenharia e 40 militares do Exército e da Marinha para dois Postos Avançados de Saúde, somando 1.240 militares. No Haiti, o Brasil mantém atualmente 1.213 soldados e oficiais.

Amorim disse ainda que recebeu ontem o general Francisco Albuquerque, comandante do Exército, que retornou de uma visita ao Haiti e se mostrou ¿otimista, dentro das dificuldades¿.