Título: Lula ataca oposição e diz que Brasil novo está em construção
Autor: Lisandra ParaguassúFábio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2006, Nacional, p. A6

Em ano de campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou ontem uma cerimônia no Palácio do Planalto para elogiar seu governo e dizer que está ampliando os investimentos em infra-estrutura. Em discurso no lançamento da Ferrovia Litorânea Sul, Lula afirmou que há "confiança no País", a economia vive "momento auspicioso" e um Brasil novo "já está em construção".

Mas ele não perdeu a chance de criticar os antecessores e disse que o País não se preparou adequadamente para o crescimento econômico. "Por isso nossas estradas ficaram abandonadas tanto tempo, por isso é que se construíram poucos metros de ferrovias nos últimos anos, por isso nossos portos estavam obsoletos e por isso muita coisa não aconteceu no Brasil."

Argumentou, então, que o País está mudando sob seu governo e o investimento em infra-estrutura, crescendo. Destacou as ferrovias - segundo ele, houve uma ampliação, em três anos, de 70% do que havia sido construído nos 18 anos anteriores -, a provável auto-suficiência em petróleo, que pode vir em março, e o aumento dos investimentos em energia.

AUTO-SUFICIÊNCIA

"Do ponto de vista da energia, eu posso dizer para vocês que se alguém teve medo, em algum momento, de investir no Brasil por conta da falta de energia, o que foi feito na área nestes últimos três anos é uma marca que deixa adversário com bronca e deve deixar o povo feliz", comentou. O presidente previu ainda que num futuro próximo o País pode exportar petróleo em vez de importar. "Depois de 51 anos nós vamos poder comemorar a auto-suficiência do petróleo", afirmou. "E com os poços que estão aparecendo no Espírito Santo, que certamente vão aparecer em Pernambuco, não sei onde, o Brasil vai, logo, logo, ser um exportador de petróleo."

O governo já prepara uma enorme campanha publicitária para o momento em que o Brasil conseguir a auto-suficiência, o que deve ocorrer em março, quando a plataforma P-50 entrar em funcionamento. A data ainda não foi fixada, mas a contratação da agência que fará a campanha está em andamento.

O presidente ainda aproveitou o discurso para rebater as críticas feitas à operação tapa-buraco nas estradas, que é criticada como eleitoreira pela oposição e está sob fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU). "Todo santo dia tinha uma crítica às rodovias. Resolvemos fazer uma operação de guerra nas estradas brasileiras. Aí, os que criticavam os buracos agora criticam porque estamos tapando os buracos", reclamou. "Afinal de contas, o que queremos nós? Queremos corrigir ou não queremos corrigir?"

Em novo ataque à oposição, Lula reclamou também dos que "tentam evitar que as coisas aconteçam". "É como se fosse jogador de um time adversário, que está sempre tentando evitar que o outro faça gol. E não são todas as pessoas que têm a dimensão de Brasil para pensar que, muitas vezes, com entrave de três meses, cinco meses, um ano, você está atrapalhando um pouco as conquistas das gerações que virão depois de nós."