Título: Palocci promete depor amanhã na CPI dos Bingos
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2006, Nacional, p. A8

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, vai depor amanhã na CPI dos Bingos na condição de convidado. Ele telefonou na tarde de ontem para o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), para acertar o depoimento, pondo fim a uma série de rumores sobre seu comparecimento. O mais recorrente deles, divulgado sobretudo por petistas, dizia que Palocci deixaria o cargo se fosse obrigado a depor na CPI.

O ministro será questionado, entre outras coisas, sobre a suposta doação de dólares de Cuba (US$ 1,4 milhão ou US$ 3 milhões) para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e de outra no valor de R$ 1 milhão que empresários de bingo teriam oferecido ao PT em troca da legalização da atividade no País, conforme denúncia do advogado Rogério Buratti, ex-assessor de Palocci.

O depoimento está marcado para depois da ordem do dia, sessão de votação no plenário que normalmente ocorre no início da noite. Mas o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que comece a sessão às 9 horas, para que a comissão possa ouvir o ministro no início da tarde. Renan ficou de dar a resposta hoje.

Principal escudeiro de Palocci no Senado, o vice-líder do PT, Tião Viana (AC), acredita que ele atendeu ao convite porque, além de ter-se comprometido a fazê-lo na carta que encaminhou à CPI em dezembro, "quer dar um basta nisso".

"Não é fácil, com a vida que ele leva, ter de conviver com denúncias que considero sem fundamento", justificou Viana. A presença de Palocci passou a ser requisitada na CPI desde que Buratti o acusou, em agosto, de intermediar o repasse de R$ 50 mil que uma empresa contratada pela prefeitura de Ribeirão Preto arrecadava todos os meses para o caixa 2 do PT. Na ocasião, o requerimento convocando-o para depor nem chegou a entrar em votação.

A situação mudou à medida que cresceu, na opinião pública, a pressão para que o ministro esclarecesse o caso. Aliados do Planalto reconheceram que não conseguiriam a maioria entre os 15 votos da CPI para derrubar o requerimento de convocação do ministro. No auge da pressão, Palocci compareceu ao Senado para falar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), mas a oposição decidiu limitar as perguntas às questões econômicas, sem abordar as denúncias contra o ministro. Ele será o sexto integrante da chamada República de Ribeirão Preto a depor. Antes dele foram ouvidos, além de Buratti, Vladimir Poleto, Juscelino Dourado, o secretário Ademirson Ariosvaldo da Silva e o diretor do Serpro, Donizete Rosa.