Título: PF indiciará Valério, Duda, Delúbio, Genoino e Pizzolato
Autor: Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2006, Nacional, p. A9

As primeiras pessoas que a Polícia Federal deve indiciar no inquérito sobre o mensalão são o empresário Marcos Valério de Souza, o publicitário Duda Mendonça, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares e o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. A PF já teria elementos para acusá-los por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, crime financeiro e formação de quadrilha.

A informação foi dada ontem por integrantes da CPI dos Correios, que ouviram o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, e conversaram com o delegado Luiz Flávio Zampronha, encarregado do inquérito. Com mais de 60 volumes até agora, o inquérito consolidou provas de crime contra pelo menos 30 pessoas.

A PF informou à CPI que está fechando as últimas perícias do inquérito para enviá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF) na primeira quinzena de fevereiro, com os pedidos de indiciamento. Na ocasião, vai renovar o pedido de prisão de Valério, Delúbio e Duda, rejeitado duas vezes pelo STF, após ouvir o parecer do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. Só não foi pedida ainda a prisão de Pizzolato e de Genoino, acusado de omissão.

Relatório parcial da CPI, divulgado há um mês, revela que o esquema de Valério movimentou R$ 2,6 bilhões de janeiro de 1997 a agosto de 2005. Os maiores depositantes em suas contas foram o BB (R$ 338 milhões), Telemig (R$ 122,3 milhões), Visanet (R$ 92,1 milhões), Secretaria de Fazenda do Distrito Federal (R$ 64,1 milhões) e Eletronorte (R$ 41,3 milhões).

Genoino, Delúbio, Valério e Duda são acusados de remessas ilegais de dinheiro ao exterior para movimentação do caixa 2 do PT. Duda confessou à CPI ter recebido R$ 10,5 milhões referentes à campanha eleitoral de Lula, em depósitos na conta Dusseldorf, no paraíso fiscal das Bahamas. A PF obteve no início do mês a confirmação da existência de uma segunda conta no exterior em nome do publicitário. Duda deve ser convocado para novo depoimento na PF tão logo cheguem dados mais detalhados sobre a conta e seus abastecedores.

PRESSÕES

Lacerda contou ter sofrido pressões de um parlamentar que integra lista de cassação para que nomeasse um aliado político como superintendente da PF no Paraná. A declaração causou alvoroço na CPI, mas o delegado não quis revelar os nomes, obtidos mais tarde em audiência reservada proposta pelo deputado Sílvio Torres (PSDB-SP). Segundo membros da CPI, o parlamentar citado por Lacerda seria o líder do PP na Câmara, José Janene (PR), e o aliado que ele pretendia indicar para o cargo, o delegado Sandro Roberto Vianna - sem prestígio com a atual direção da PF.