Título: PMDB vive dias de guerra para escolher seu candidato
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2006, Nacional, p. A11

Em situação semelhante à do PSDB, peemedebistas estão divididos entre dois nomes: Garotinho e Rigotto

BRASÍLIA

Não é apenas o PSDB que enfrenta um acirrado processo de disputa interna para definir seu candidato à Presidência. Depois de passar as últimas eleições sem lançar nome para concorrer ao Palácio do Planalto, o PMDB agora tem dois pré-candidatos em campanha aberta: o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e o secretário de Governo do Rio, Anthony Garotinho. Como os tucanos, o PMDB ainda está longe de uma decisão.

Na última semana, Rigotto lançou oficialmente sua candidatura e conseguiu o apoio de importantes dirigentes, como o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. Mas Garotinho tem percorrido vários Estados tentando convencer dirigentes de que sua candidatura tem visibilidade nacional muito maior.

Garotinho lembra que, mesmo concorrendo pelo PSB, com estrutura mais modesta e pouco tempo no rádio e na TV, chegou em terceiro lugar na disputa de 2002, com 15,1 milhões de votos - 17,9% dos votos válidos.

Em oito Estados ele obteve mais votos do que José Serra, candidato do PSDB na eleição, que tinha apoio do então presidente Fernando Henrique Cardoso. No Sudeste, ele obteve 8.024.327 votos, chegando a um resultado próximo de Serra, que conseguiu 8.838.153.

Dentro do PMDB, porém, sobram restrições à candidatura do ex-governador do Rio. O principal é a enorme desconfiança de que, se for vitorioso, faça um projeto político individual. Dirigentes lembram que Garotinho tem mudado de partido com freqüência nos últimos anos, sempre levando consigo seus principais aliados.

Rigotto conta com a repetição do cenário que o favoreceu na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, em 2002. Sem ser favorito - já perdera uma eleição para prefeito de Caxias do Sul, derrotado pelo primo Pepe Vargas -, apresentou sua candidatura e acabou superando os favoritos Tarso Genro (PT) e Antônio Britto (PPS).

Muito mais identificado com o PMDB, Rigotto já conseguiu costurar o apoio político de boa parte dos líderes. Mas, como diz um aliado, "Garotinho está viajando por todo o Brasil". Não é um fato desprezível, já que o primeiro colégio eleitoral que pode decidir as prévias partidárias em maio é formado por cerca de 20 mil eleitores.