Título: Proteção cambial cresceu US$ 7 bilhões em 2005
Autor: Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Em 2005, as empresas elevaram em US$ 7 bilhões o volume de operações de proteção contra variações do câmbio (hedge cambial), fazendo o estoque dessas transações saltar de US$ 22 bilhões para US$ 29 bilhões. "Esse tipo de operação ajuda as empresas a diminuir o passivo externo e também contribui para melhorar o grau de solvência do País como um todo", disse uma fonte.

As empresas só não contavam com o Banco Central (BC) para reforçar suas defesas contra os humores do mercado internacional. Dentro da estratégia de eliminar toda a sua dívida em dólar, o governo ofereceu menos títulos com cláusulas de correção cambial em 2005. "Sem o BC, as empresas procuraram casar suas posições em operações entre credoras e devedoras em moeda estrangeira", explicou a fonte.

Essa atitude do BC representou uma mudança em relação à adotada durante a crise cambial de 1999, quando o governo foi o maior provedor de proteção cambial no mercado. Na época, o BC emitiu grande quantidade de títulos vinculados ao câmbio.

Assim, o BC deixou toda a dívida pública muito sensível às variações do dólar e o País mais vulnerável a crises financeiras internacionais. Nos últimos anos, todo o esforço foi no sentido de eliminar esses papéis, processo concluído em janeiro.

O esforço das empresas em reduzir a exposição ao câmbio passou ainda por uma diminuição do próprio nível de endividamento externo. "Muitas empresas aproveitaram os ganhos de caixa obtidos internamente para quitar seus compromissos externos", disse uma fonte.

Como resultado, a taxa de rolagem dos empréstimos externos do setor privado voltou a ficar abaixo dos 100% no ano passado. Ou seja, em vez de renovar os empréstimos, as empresas optaram por quitar parte deles. "Foi o segundo ano consecutivo que isso ocorreu", comentou a fonte.

Nos primeiros quatro anos do Plano Real, muitas empresas se endividaram no exterior em razão da perspectiva de o câmbio continuar valorizado por um longo período.