Título: Número de cheques sem fundo é recorde
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2006, Economia & Negócios, p. B4

O número de cheques sem fundos cresceu 19,6% e bateu recorde em 2005. Levantamento divulgado ontem pela Serasa mostra que18,9 cheques foram devolvidos pela segunda vez por insuficiência de fundos, a cada mil compensados no ano passado. Foi a maior taxa desde 1991, quando a pesquisa começou a ser feita. O recorde anterior havia sido registrado em 2004, quando houve 15,8 devoluções em cada mil cheques compensados.

Segundo a pesquisa, foram compensados 1,940 bilhão de cheques em 2005, dos quais 36,7 milhões foram devolvidos pela segunda vez por falta de fundos. Em 2004, o número de cheques compensados chegou a 2,1 bilhões e 33,4 milhões não tinham fundos.

Para Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa, o número recorde de cheques sem fundos no ano passado reflete principalmente o maior endividamento do consumidor. Segundo ele, o acúmulo de dívidas foi favorecido pela forte expansão do crédito, principalmente o consignado (com desconto em folha de salários), cuja oferta praticamente dobrou em relação a 2004.

"A tendência é de aumento da inadimplência neste início de ano, quando começam a vencer os pré-datados e as prestações do crediário e cartão de crédito das compras do Natal", diz Almeida. Além disso, ele ressalta que o consumidor tem ainda um acúmulo de despesas obrigatórias no período, como o pagamento de impostos, (IPTU e IPVA), matrícula e materiais escolares.

Os dados da Serasa mostram ainda crescimento de 27,2% na taxa de cheques devolvidos em dezembro de 2005, quando comparada com a de igual período de 2004. No entanto, a taxa apresentou queda de 2,4% em relação a novembro.

Apesar do aumento nas devoluções por falta por fundos, já há mais inadimplentes no cartão de crédito do que no cheque. Segundo a Serasa, pela primeira vez na história, o número de registros de calote nos cartões ultrapassou o do cheque sem fundo em 2005. Os cheques devolvidos representaram 33% do indicador de inadimplência da pessoa física, ante 34,5% em 2004. Já a participação das dívidas não pagas às administradoras de cartões e financeiras subiu de 33,7% para 34,4% do total.