Título: Desemprego global é recorde
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/01/2006, Economia & Negócios, p. B5

O crescimento econômico mundial não consegue reduzir o desemprego e 191,8 milhões de pessoas não têm um trabalho hoje no mundo, o maior número já registrado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A realidade é que nunca tantas pessoas estiveram desempregadas como agora e, segundo o diretor da OIT, Juan Somavia, "o mundo enfrenta uma crise de proporções enormes".

Segundo a OIT, entre 2004 e 2005, o número absoluto de desempregados aumentou em 2,2 milhões de pessoas, embora a taxa tenha se mantido em 6,3% da população, porcentual igual ao de 2004. Nos últimos dez anos, o exército de desempregados ganhou 34,4 milhões de pessoas. De acordo com os analistas, os governos não conseguem transformar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em aumento de postos de trabalho ou de salários.

Parte desse problema é atribuída à alta dos preços do petróleo, além dos desastres naturais que atingiram algumas regiões. Em 2005, a economia mundial cresceu 4,3%, mas apenas 14,5 milhões de pessoas no planeta conseguiram sair da linha da pobreza, definido pela ONU como uma situação em que um trabalhador ganha menos de US$ 1 por dia. Hoje, mais de 500 milhões de pessoas ainda vivem nessa situação.

O problema, portanto, não é apenas a criação de postos de trabalho, mas também os baixos salários. Dos 2,8 bilhões de trabalhadores no mundo hoje, 1,4 bilhão não conta com um salário para tirar suas famílias da extrema pobreza. O pior é que essa taxa ficou inalterada nos últimos dez anos.

Por isso, o chefe do Departamento de Estratégias de Emprego da OIT, Lawrence Jeff Johnson, questiona a criação de empregos no Brasil. O governo anunciou a criação de 1,2 milhão de postos de trabalho em 2005. "A questão é saber que tipo de emprego está sendo criado e se esses trabalhos geram uma renda", diz Johnson.

Segundo a OIT, o maior crescimento do desemprego no mundo no ano passado ocorreu nos países latino-americanos. Entre 2004 e 2005, 1,3 milhão de pessoas perderam seus empregos e não conseguiram voltar ao mercado de trabalho. Com isso, a taxa de desemprego cresceu 0,3% e atingiu 7,7% da população da região.