Título: Palocci enfrenta hoje dez acusações no Congresso
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2006, Nacional, p. A8

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, será questionado hoje na CPI dos Bingos sobre seu suposto envolvimento em denúncias ligadas ao cargo que ocupa agora, ao período em que coordenou a campanha do presidente Lula, em 2002, e ao exercício do mandato de prefeito de Ribeirão Preto. Seu depoimento começa às 10 horas. Ele aceitou depor como convidado, depois de malogradas as tentativas do governo de excluí-lo da lista de investigados.

O adiamento de seu depoimento terminou favorecendo a divulgação de novas acusações contra ele. De acordo com a CPI, Palocci terá de se defender de pelo menos 10 acusações.

A última delas é sobre o papel que teria desempenhado na campanha de Lula, no recebimento de US$ 3 milhões supostamente doados por Cuba. O relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), lembrou que este episódio foi relatado à imprensa por dois ex-assessores de Palocci, Rogério Buratti e Vladimir Poleto.

FOGO AMIGO

O senador lembrou que também foi o 'fogo amigo' de Buratti que incriminou Palocci como provável intermediário do mensalão pago ao caixa 2 do PT pela empresa de Ribeirão Preto Leão & Leão e pela doação de R$ 1 milhão oferecida por empresários de bingos em troca da legalização da atividade no País. Os senadores estão convencidos de que a proximidade de pessoas como Buratti, Poleto, Ralf Barquete, já morto, e outros de Ribeirão que ele trouxe para o ministério, como Juscelino Dourado e Ademirson Ariosvaldo da Silva, não ajudam a defesa do ministro.

A CPI dispõe de dados telefônicos que mostram uma intensa atividade do grupo quando da renovação do contrato da Caixa Econômica Federal com a multinacional Gtech, no início do governo Lula. Há ainda a suspeita de envolvimento do ministério na criação da Seguradora Interbrazil, apontada como maior doadora para o caixa 2 do PT de Goiás em 2004, por intermédio de seu irmão Adhemar Palocci. O ministro terá de explicar o porquê do superfaturamento bancado pela prefeitura em favor da Leão & Leão no caso da varrição dos 4 quilômetros do bosque municipal da cidade.

Inicialmente, o ministro acertou seu depoimento para o início da noite. Primeiro a reagir, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) pediu a mudança do horário. Foi apoiado por colegas tucanos, sob a alegação de que o presidente nacional do partido, o senador Tasso Jereissati (CE), terá de viajar à tarde para acompanhar sua mãe, que fará uma cirurgia.