Título: Em 265 anos, 17 papas escreveram 390 cartas
Autor: Ricardo Westin
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2006, Vida&, p. A13

João Paulo II gostava de textos quilométricos: estreou em 1979, com Redemptor Hominis (O Redentor do Homem), bem mais extensa que a primeira encíclica de Bento XVI. Mas o que conta é a mensagem a transmitir.

Por isso, a repercussão das encíclicas varia. Da curiosidade da Ubi Primum (Onde primeiro), a carta com que Bento XIV inaugurou em 1740 esse tipo de circular, a textos marcantes como Rerum Novarum (Coisas Novas), de Leão XIII; Pacem in Terris (Paz na Terra), de João XXIII, e Fides et Ratio (Fé e Razão), de João Paulo II, os 17 papas dos últimos 265 anos escreveram 390 encíclicas.

Solenes até há pouco tempo, quando os papas usavam o plural majestático, elas se tornaram mais acessíveis com João Paulo II - ele gostava de falar e escrever na primeira pessoa. Nem sempre é o próprio papa quem redige o texto final, mas ele pode fazer isso, como ocorreu agora com Bento XVI.

Cada encíclica ganha o nome das primeiras palavras em latim do texto, mas há exceções. Como palavra do papa, traduz o ensinamento oficial da Igreja, com alcance universal. Pode ser endereçada a todos os homens de boa vontade, quando o tema é mais abrangente. A abordagem que Joseph Ratzinger faz do amor certamente renderá debates entre filósofos, teólogos e psicanalistas.