Título: Brasil será a 5ª economia do mundo. Em 2050
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2006, Economia & Negócios, p. B7

O banco de investimentos Goldman Sachs mantém a previsão de que o Brasil será a quinta maior economia do mundo em 2050, e que é parte integrante dos chamados Brics, os grandes países emergentes que estarão entre as primeiras potências globais em meados do século. Pela projeção, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro será de US$ 5 trilhões a US$ 10 trilhões, praticamente alcançando o do Japão.

A sigla Brics é composta pelas iniciais do Brasil, Rússia, Índia e China e foi criada em outubro de 2003 em um relatório do Goldman Sachs. Segundo a projeção do banco, em 2050 as maiores economias serão, em ordem decrescente, China, Estados Unidos, Índia, Japão e Brasil, Rússia, Alemanha, Reino Unido, França e Itália. Recentemente, surgiu uma forte dose de ceticismo sobre a inclusão do Brasil nos Brics, já que a sua taxa de crescimento tem sido muito inferior à dos três outros integrantes do grupo.

Ontem, em uma apresentação sobre os Brics e a economia global em Davos, Jim O'Neill, economista-chefe do Goldman Sachs, reafirmou sua confiança no Brasil. "O segundo semestre de 2005 foi particularmente decepcionante, mas achamos que isso será temporário", disse.

Ele lembrou que, para que a previsão do Goldman Sachs sobre o Brasil se concretize, é preciso que o País cresça, em média, apenas 3,6% ao ano até 2050. "Eu acho que um crescimento do Brasil entre 3% e 4% é perfeitamente realizável, bastando que algumas coisas fiquem no lugar", acrescentou.

Para O'Neill, "o Brasil não precisa de milagres e tudo o que tem a fazer é evitar crises". Ele observou que, até a década de 80, o País crescia velozmente e os mais otimistas chegavam a prever que pudesse um dia alcançar os Estados Unidos. A crise hiperinflacionária dos anos 80 jogou estes sonhos por terra e levou a todos os tipos de problemas macroeconômicos que hoje são associados ao Brasil pelos observadores externos.

O economista considera que a introdução do sistema de metas de inflação foi um avanço institucional no Brasil de enorme importância, o que, na sua visão, é subestimado pelos analistas e investidores.

Segundo O'Neill, as metas de inflação vão além da questão puramente econômica, já que introduzem um grau de transparência e sofisticação em uma área vital do governo, que pode se irradiar e levar a avanços institucionais mais generalizados. Para o economista, o sistema "está no coração do porquê o mercado financeiro está indo bem e o prêmio de risco está caindo". Ele disse diversas vezes que a Índia deveria adotar as metas de inflação.

O'Neill, na verdade, acha que há Brics mais frágeis que o Brasil, apesar da questão do crescimento econômico nos últimos anos. Sua maior preocupação é com a Rússia, que continua fortemente dependente do preço do petróleo para desenvolver-se. Ele observou que, apesar da reputação da Índia por formar legiões de profissionais de tecnologia altamente qualificados, o país é, entre os Brics, o que tem o pior desempenho em educação, disparado. Disse também que a Índia é uma economia fechada, a única entre os Brics com déficit em conta corrente e atrai pouco investimentoestrangeiro. Para a China, ele só teve elogios.