Título: CPI dos Bingos mira no caso Cuba
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2006, Nacional, p. A5

O empresário Roberto Carlos Kurzweil é agora o principal alvo das investigações da CPI dos Bingos, depois de ouvido o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), vai reconvocá-lo para depor nesta semana, dando prosseguimento às investigações sobre a suposta doação de US$ 3 milhões que teria sido feita por Cuba para a campanha de 2002 de Lula.

Kurzweil é dono do Ômega blindado que teria sido utilizado para transportar o dinheiro de Campinas para São Paulo. De acordo com o senador, apesar de ter negado todos os fatos, o ministro deixou clara sua proximidade com o empresário, mesmo tendo chamado o caso Cuba de "fantasioso" e de ter negado o encontro em que Kurzweil teria intermediado a oferta de US$ 1 milhão feita por bingueiros para o PT, em troca da legalização da atividade no País.

A denúncia do dinheiro dos bingos foi feita ao Ministério Público pelo ex-assessor de Palocci e ganhou força diante de documentos da Junta Comercial de São Paulo, que mostrariam Roberto Carlos Kurzweil como sócio dos empresários angolanos Artur José Valente de Oliveira Caio e José Paulo Cruz Figueiredo - conhecido por Vadim.

Juntamente com outro empresário, Caio e Vadim são donos da empresa de caça-níqueis Fabama, que controla boa parte desse mercado no País. Dados rastreados pelo Ministério Público Federal revelam que Kurzweil recebeu depósito de US$ 100 mil numa offshore do Uruguai na conta Biscay, operada por doleiros de São Paulo. Seu advogado, Miguel Pereira Neto, afirma que ele não tem dinheiro fora do País.

Também foi rastreada a movimentação de recursos, via doleiro, em nome de Érica da Silva Kurzweil - sócia que teria algum tipo de parentesco com o empresário -, numa conta do Banco de Nova York, nos Estados Unidos.

ADIAMENTOS

Convocado a depor na CPI em outubro, o empresário não compareceu até hoje, com a justifica de estar com problemas de saúde. Ele encaminhou um atestado médico à comissão, alegando que não pode se movimentar por causa de uma torção no dedão do pé.

Na semana passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, deu liminar impedindo a comissão de utilizar dados de Kurzweil obtidos pela quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico.

No entanto, na última quarta-feira, por iniciativa do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a CPI abriu novamente, por unanimidade, suas contas bancária, fiscal e telefônica.