Título: No Conselho de Ética, ambiente carregado
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2006, Nacional, p. A5

O Conselho de Ética da Câmara, na fase final dos processos dos deputados envolvidos no valerioduto, entrou em um clima de conflito inédito em sete meses de investigação. A ação direta de líderes partidários na tentativa de interferir na votação dos pareceres dos relatores provocou a revolta de alguns conselheiros, discussões em público e pedidos de calma em conversas reservadas.

"Pretendem fazer um vale-tudo, mas haverá resistência", diz o deputado Nelson Trad (PMDB-MS), que esteve no centro da polêmica por ser o relator que recomendou a cassação de Roberto Brant (PFL-MG), condenado pelo apertado placar de 8 a 7. O presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), desempatou em favor da condenação.

"O ambiente está carregado. Começamos a receber um tratamento de nossos colegas que não havia antes", diz um integrante do conselho. Outro procurou Izar pedindo providências para que não se repita a manobra feita pelo PSDB, que indicou o deputado Jutahy Junior (BA) como conselheiro apenas para votar em favor de Brant. Uma hora depois, abriu mão da vaga. O conselheiro ouviu de Izar: "Não vamos mexer com isso."

O temor do presidente é que o confronto se acirre, já que novas votações acontecerão a partir de amanhã, quando o conselho decidirá o destino do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE). A recomendação do relator Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi pela cassação do mandato.