Título: Desemprego é o menor desde 2002
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2006, Economia & Negócios, p. B1

Taxa caiu para 9,8% em 2005, ante 11,5% em 2004; renda média cresceu 2% e o emprego informal diminuiu

O mercado de trabalho fechou 2005 com bons resultados. Houve queda na desocupação e aumento da formalidade e do rendimento médio dos trabalhadores nas seis principais regiões metropolitanas do País. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou a taxa de desemprego de 8,3% em dezembro, a menor da série iniciada em março de 2002. Na média do ano, a taxa caiu para 9,8%, ante 11,5% em 2004.

Ainda em 2005, o rendimento médio real do trabalhador inverteu o sinal negativo que vinha apresentando havia sete anos - considerando também a série antiga da pesquisa mensal de emprego - e cresceu 2% ante 2004. Em dezembro, a forte queda do desemprego (9,6%) ocorreu após seis meses de engessamento do indicador.

O coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, explicou que a queda na taxa de dezembro decorre especialmente de efeitos sazonais, mas salientou que é inegável a melhora na qualidade do mercado de trabalho no período. Segundo ele, a redução na taxa resultou sobretudo da queda no número de desocupados (13,6% ante novembro), já que o número de ocupados ficou praticamente estável, com aumento de 0,5% em dezembro ante novembro, totalizando 20,23 milhões de pessoas.

Como nas últimas duas semanas do ano muita gente deixa de procurar emprego e os desocupados são, no conceito da pesquisa, os que estão desempregados e procurando emprego, a queda no indicador está relacionada à sazonalidade do mês.

Por outro lado, Azeredo destacou que houve aumento no número de empregados com carteira assinada (2%), queda no emprego informal (1,1%) e aumento da renda (2%) ante novembro. O pequeno aumento na ocupação foi influenciado especialmente pela contratação de empregados temporários no comércio.

Para Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, os dados da renda foram os mais positivos do mercado de trabalho em dezembro e na média de 2005. Em dezembro, houve alta na renda média real de 1,8% ante novembro e variação, recorde na nova pesquisa, de 5,8% ante dezembro de 2004. Nas contas dele, a massa salarial (renda multiplicada pelo número de ocupados) cresceu 5% em 2005 ante 2004, o que contribuirá para impulsionar a economia em 2006, a partir da expansão da demanda interna.

Marcelo de Ávila, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), considera os dados "surpreendentemente bons". Para ele, 'tudo indica que teremos no início deste ano uma taxa de um dígito, o que há um mês era inimaginável".

Ávila avalia que a qualidade do mercado de trabalho melhorou, mas alertou que as fortes influências sazonais em dezembro e no primeiro bimestre deste ano exigem que se aguarde até março para ver se a melhoria se tornará efetiva.

CONQUISTA

Após 5 meses desempregada, a engenheira química Letícia Hugues de Souza descobriu a dificuldade de encontrar trabalho. Para ser contratada por uma multinacional de alimentos como gerente de pesquisa e desenvolvimento de produtos, ela distribuiu 400 currículos, 150 cartões e se cadastrou em 50 sites. Ainda assim, só conseguiu o emprego, em dezembro, por meio de anúncio de jornal.

A salvação de Flávia Ercoli para pagar a faculdade também apareceu perto do Natal. Depois de quatro meses, conseguiu uma vaga de operadora de telemarketing.